sexta-feira, 30 de junho de 2006

"O Brasil não perde oportunidade de perder oportunidade"

A frase é de Roberto Campos, o Bob Field. Você pode odiar Roberto Campos, mas a frase é boa ("Eu não odeio. Eu quero te matar, mas eu não te odeio", como diria o John Turturro para o Anthony Quinn em um filme meia-bomba do Spike Lee que vi anteontem. Tenho muitas discordâncias, mas reconheço a relevância de Campos para o pensamento econômico brasileiro).

Estranho usá-la para falar de TV Digital. É possivel que Campos apoiasse a decisão pelo padrão japonês. Eu não apoio. E sinto a perda de uma bela oportunidade de mudar o espectro (amplos sentidos) da televisão no país.

O modelo europeu seria mais barato para o consumidor. E, base de um sistema "democrático" (as aspas são para Hélio Costa e seu discurso no anúncio), abriria mais concorrência nos canais de TV. Abriria mais canais de TV. As telefônicas iam sair ganhando também - sempre um grupo poderoso sai ganhando - mas tornaria a televisão brasileira mais democrática. E, pensando na minha galera, fomentaria mais empregos.

Há alguns meses são veiculados anúncios em jornais que unem todas as TVs abertas em um "abaixo assinado" pelo padrão japonês. Se conseguiu colocar Globo, Band, Record e Rede TV!, entre outras, juntas, desconfie.

Lula disse que o padrão japonês levou em conta também o compromisso de investimento nas indústrias e o desenvolvimento de tecnologias por brasileiros. A primeira parte, pode ser, mas o "desenvolvimento de tecnologias" já vêm sendo feito há pelo menos cinco anos, muito antes de se pensar em definição. Sei pelas PUC, tem uma participação relevante.

Enfim, precipitação foi a palavra-chave dessa história toda (adicionada de ano eleitoral e lobby televisivo).

Há muito tempo, "nosso" ministro das telecomunicações foi repórter da TV Globo, e isto deve ter influênciado sua decisão agora. Espero que ele saiba qual será a decorrência da sua decisão.

PS: De todas as coberturas que li, a mais lúcida é a da Folha de S. Paulo. A d'O Globo é sacanagem.

quinta-feira, 29 de junho de 2006

Sobre humoristas mortos

quarta-feira, 28 de junho de 2006

Do you believe?

Descobri hoje que o Chester Bennington é filho da Cher.

Linkin Park tornou-se imensamente mais respeitável.

Coração do Império

Se o mundo fosse um lugar justo, Bryan Talbot teria sido integrante do Monty Python. A filiação ideológica/humorística ao grupo fica evidente na falsa autobiografia que Talbot encaixou em Coração do Império, ou O Legado de Luther Arkwright, lançado pela Pixel Media. Não faltam batalhas imaginárias como oficial do Império Britânico pela libertação de Minas Gerais (alusão à participação de Talbot na Bienal de Quadrinhos de Belo Horizonte, em 1997) e repúdio público às suas obras.

Porém, se Talbot tivesse sido mesmo do Monty Python, seria mais identificado com Terry Gillian, que após a fase de piadista, debandou para uma carreira mais, digamos, séria como diretor de cinema. Coração do Império tem bastante humor, mas tem principalmente uma luta por poder político embaralhada numa bela ficção steampunk - a versão vitoriana para o cyberpunk.

A história mostra um Império Britânico para o qual o sol nunca realmente se pôs. Isto levou a uma Londres gigantesca e psicodélica em art nouveau, todas as colônias tradicionais – e outras novas, como o Japão – ainda sob o jugo inglês e uma rainha que eleva a definição de despótica para outros patamares. E, se tratando de imenso poder, há sempre alguém querendo subjugá-lo. Talbot reserva esta missão ao Vaticano.

O Coração do Império é a continuação de As Aventuras de Luther Arkwright, maxissérie em que Talbot trabalhou espaçadamente desde 1976, e foi publicada aqui em dois volumes pela Via Lettera. Muito dela ecoa em Coração do Império, mas sua leitura não é imprescindível para compreensão da nova saga. Fora da grande trama política, mostra a filha de Luther, a Princesa Victoria, tentando se entender com o pai falecido e os estranhos poderes que começa a desenvolver. Traz também muitos outros personagens interessantes nas sub-tramas, como os jornalistas das colônias americanas e os demais integrantes da corte – incluindo Kenneth Baker, o intérprete do R2D2 em Guerra nas Estrelas.

Talbot sabe chocar, até meio que gratuitamente. Logo na abertura, demole um dogma católico. Também inclui Lady Diana Spencer na história, como uma louca enclausurada em um hospício nojento – e bem antes da ameaça sem graça de Peter Milligan em X-Táticos. Mas Talbot também sabe desenhar. Seu traço limpo tem um quê de Steve Dillon, um pouco mais relaxado. E, diferentemente de muitos, ele conhece os lugares que desenha. Mostra exatidão nos detalhes de Roma, até na distância entre os prédios. E sua Londres, por mais fantasiosa que seja, é construída sobre bases reais. Dá para identificar. O ápice das duas características é a seqüência de sexo, em que ele transforma quatro relações distintas em um bacanal – incluindo duas singelas estátuas de anjinhos.

A história avança de forma lenta, talvez devido ao grande número de personagens, mas entretém. Bryan Talbot – que tem um Prêmio Eisner na estante por The Tale of One Bad Rat – deu muito trabalho aos editores pelas diversas referências que usa: o álbum conta 55 notas de rodapé. A primeira parte é encerrada de forma subida, mas, de qualquer forma, o segundo volume já está nas bancas.

Coração do Império ou o Legado de Luther Arkwright. Volume I tem 164 páginas coloridas e custa R$ 33.

Publicado originalmente no Sobrecarga em 26/06/06.

Fazia um bom tempo que eu não publicava uma resenha. Motivo um: Copa do Mundo. Queria ter uma desculpa melhor, mas é isso. Motivo dois:
precisava ler um livro. Estava lendo muita HQ direto, cansei da linguagem (e o nível do texto cai). Estou terminando O Espião que veio do Frio, do John Le Carré. Comentários em breve.

Só pra constar

Vai que um dia eu preciso dessa imagem...

E como Os Trapalhões eram melhores pré-policiamente correto.

terça-feira, 27 de junho de 2006

teasertrailerteasertrailerteasertrailerteasertrailerteasertrailert

Teaser trailer tem a função de te irritar enquanto o filme não chega. Este acertou em cheio.

Clique na figura.

PS: Bela terça-feira. Além do teaser do Aranha e vitória do Brasil, a França garantiu uma inesperada despedida digna para o Zidane no sábado.

domingo, 25 de junho de 2006

Brixton, Bronx, Baixada e agora Berlim

Assisti a um inusitado Almanaque na GloboNews sobre o crescimento do hip hop alemão. Segue a cartilha: os principais temas, junto com seus principais MCs, vêm da pobreza. E pobreza na Alemanha está subdividida: uma parte na antiga República Democrática Alemã e - a nova onda - nos imigrantes que vêm fazer os trabalhos que os alemães não querem mais fazer.

Algo os une: a inclusão. Os "velhos" alemães querem os mesmos direito$ que seus copatriotas do ocidente. Os imigrantes querem seus direitos puros e simples. Um filho de turcos nascido na Alemanha não é alemão. Ele fala alemão, lava o prato dos alemães e contribui para a receita alemã, mas não é alemão. Coisa de primeiro mundo.

A gravadora independente que mais cresce no país é a Aggro Berlin, especializada justamente em hip hop. Seu principal artista, Bushido (nascido Anis Mohammed Yussuf Ferchichi), já foi preso por tráfico e vandalismo, e se transferiu para a Universal. Algo celebrado até pelos educadores é que o novo hip hop de Berlim colocou o alemão de novo nas rádios e na boca dos jovens. De fato, pouco ecoa da Alemanha, tirando a música eletrônica e o heavy metal melódico.

A cartilha continua sendo seguida: com a influência do gangsta rap (como eu amaldiçoou Notorius B.I.G nessas horas), há também nas letras mulheres objetos, armas e, merecendo um aparte, violência e racismo - dois elementos que funcionam ainda pior com o histórico da Alemanha.

Talvez isolando este virus, o hip hop alemão possa crescer e dar voz aos, vá lá, excluídos. É cliché, mas é o que o hip hop tem feito por muita gente no mundo.

De quebra, um vídeozinho Bushido para vocês sentirem o drama.

sábado, 24 de junho de 2006

Fafá é vacilona

Fafá: Ó-quei, Sedenta, você pode até ter o que fazer nos dois primeiros jogos, mas o terceiro você vê comigo.

Eu: Beleza, Fafá. Estou na sua mão.

Fafá: Sigam-me os bons!

Fui para a mão da Fafá e acabei ficando na mão e ponto. Na hora H, ela surgiu com uma tal festinha no Leblon excluindo os compromissos anteriores. Tsc tsc tsc. É por essas e outras que a Fafá é vacilona.

Ainda bem que João Paulo e família tiveram a sensibilidade de me acolher.

PS: Eu ia tentar não usar este blog para sacanear as pessoas, mas fez-se urgente.

Mas mantenha os respeito

Foram divulgados os finalistas do concurso do D2.

A que eu mais gostei foi a última, com os fones e plugs simétricos, mas deve ganhar a caixinha de fósforo ou a do gravite amarelado, que também são belas.

Constatar não ofende

A Nova Skin criou até uma campanha simpática para a Costa Marfim, mas deu no que deu. E os marfinenses jogaram bem.

Se depender da sorte e da habilidade do Flamengo...

PS: Já tem rubronegro tentando me convencer que Nova Skin é boa.

Tópicos e links

Ossos do ofício

Todo semestre o jornal tem que fazer seleção de estagiários, e o número de vagas é condicional a qualidade da seleção. A seleção deste semestre foi muito boa; cinco pessoas vão ter que sair.

Foi o pior dia do ano.

Triste coincidência

Perdemos o integrante mais engraçado do principal grupo de humor da TV por problemas do coração no meio de um copa. Exatamente como 1994.

Que pelo menos o desfecho seja o mesmo.

Insignificância





quarta-feira, 21 de junho de 2006

Verde, amarelo e preto.

Fazia tempo que eu não gostava tanto de um texto do Dapieve.

terça-feira, 20 de junho de 2006

Tempo livre é isso aí



Depois do blog, o vlog.

Febeaco

Festival de Besteiras que Assola a Copa na TV

Não concordo com tudo. Mas vale pelo processo civilizatório do Togo no começo e a frase do João Saldanha no fim.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

"Bussunda vem da mistura das duas coisas que eu mais gosto"

Adeus para Bussunda

À esta altura, todos já sabem que o humorista Bussunda
morreu no sábado, 17 de junho, em Munique, na Alemanha, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Mas o SoBReCaRGa não pode deixar de registrar a grande perda para o humorismo brasileiro.

Cláudio Besserman Vianna era um típico boa praça da zona sul carioca. Começou - ainda como estudante de Comunicação da UFRJ - a colaborar com o jornal de humor Casseta Popular. Na fusão com o Planeta Diário, foi criado o Casseta & Planeta, que entre outros feitos promoveu a candidatura do macaco Tião para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Bussunda e seus integrantes se tornaram redatores da TV Pirata, na Rede Globo, e depois de Doris para Maiores. Em 1992, entrou no ar o Casseta & Planeta Urgente, onde está até hoje.

Mesmo com a fama, Bussunda não perdeu a simplicidade. Era comum encontrá-lo na praia de Ipanema brincando com sua filha ou em botecos do Leblon, conversando com todo mundo. Entre os presentes em seu velório, ontem, no ginásio do Flamengo – clube do qual era devoto –, estava uma senhora que vendia café na esquina de sua casa, de quem era freguês fiel.

Vai fazer falta. Mas chega de tristeza que esta não era a praia dele.

Textozinho rápido e faceiro em homenagem ao Bussunda que fiz lá pro Sobs. Acabou ganhando até destaque. Na ilustração, mais uma da série "Relíquias do Tavela".

Jal na Copa


Experiência interessante: o cartunista Jal tem desenhado cartuns durante os jogos do Brasil, de acordo com o que acontece em campo.

O cara é rápido.

sábado, 17 de junho de 2006

Luto


Sem lenga-lenga, nem xurumela, muito menos tristeza porque não era a dele. Vou deixar de encontrar o Bussunda no Jobi e ficar imaginando as duas vezes que ele foi madrinha da bateria da Banda de Ipanema, na fase pré-gay (da Banda, e não dele).

Plageando a idéia de um amigo,

PERDEU, MANÉ!

Todos nós perdemos.

Mais para ver a Copa de forma diferenciada

- Blog da Redação do Uol.

- Mala das malas.

quinta-feira, 15 de junho de 2006

Desabafo

Não aguento mais os sotaques de Casagrande e Renato Marcília.

Duplo acerto

Joaquim acertou de novo.

Já o Zuenir não acertava há um tempo.

E, já que falei de No Mínimo, tirei de lá a Amy Taylor.

quarta-feira, 14 de junho de 2006

Iggor saiu mesmo

12 de Junho de 2006
Comunicado à imprensa:

Baterista e co-fundador da maior banda de heavy metal brasileira alega desgaste e incompatibilidade de idéias com os integrantes da banda e sinaliza novos projetos

Iggor Cavalera, um dos fundadores da maior banda de heavy metal brasileira, o Sepultura, comunica a sua saída da banda. O músico e baterista alega desgaste e incompatibilidade de idéias com o resto da banda e sinaliza novos projetos.

“Vários motivos me levaram a tomar essa importante decisão em minha vida e gostaria de compartilhar isso com todos. Acredito que a minha missão no Sepultura tenha chegado ao fim. Tenho muito orgulho de tudo o que fizemos, mas hoje sinto que o formato da banda já não atende mais às minhas expectativas como músico e como pessoa. Desde a minha última turnê na Europa em dezembro de 2004, percebi que as minhas idéias já não batiam com as do resto da banda”, afirma Iggor.

Desde 1985, o Sepultura lançou 10 discos (“Bestial Devastation”, 1985; “Morbid Visions”, 1986; “Schizophrenia”, 1987; “Beneath the Remais”, 1989; “Arise”, 1991; “Roots”, 1996; “Against”, 1998; “Nation”, 2001 “Roorback”, 2003 e DanteXXI, 2006), que venderam milhares de cópias mundialmente. A banda conheceu seu auge de vendas e de público nos shows em 1996, ano de lançamento, de Roots, que representou uma guinada musical no heavy metal, com a inserção de percussões tribais, fruto de novas experiências musicais com índios xavantes. No entanto, após o lançamento do disco e da turnê mundial, Max Cavalera vocalista e guitarrista, irmão de Iggor comunicou sua saída da banda para seguir carreira-solo. A banda continuou na estrada, com Derrick Green, continuando o sucesso da formação original.

Afastado das turnês desde meados de 2005, quando foi substituído por Roy Mayorga, Iggor começou a notar que suas ambições individuais não eram compatíveis com as do grupo e começou a seu processo de afastamento criativo do Sepultura. “Muitos anos de trabalho em conjunto fizeram com que o relacionamento fosse se desgastando cada vez mais e vejo que hoje não há compatibilidade de idéias entre eu e o resto da banda. Tentei deixar isso claro aos outros membros propondo que déssemos um tempo, no entanto a prioridade deles era a de continuar tocando independentemente da minha permanência”, diz Iggor.

Como músico e baterista, Iggor continua batalhando e buscando novas referências para produzir algo autêntico e verdadeiro que represente aquilo que o Sepultura foi em sua vida. Ultimamente, o músico pesquisa uma pegada mais atual para o heavy metal, com influências do hip hop, metal e hardcore.. Segundo Iggor, a decisão de sair do Sepultura foi uma das mais difíceis de sua carreira, uma vez que, como um dos fundadores da banda, dedicou praticamente toda sua vida à banda.

“Gostaria imensamente de agradecer a todos os fãs que me apoiaram e continuam apoiando a nossa música. E também a todos que trabalharam para fazer do Sepultura a banda que é.”

Papos de copa

Quando você acha que nada pode ser pior que a apatia do Brasil, a ex-modelo que morou em Nova Iorque pergunta: "Cadê o Dunga?"

Depois ela se salvou, afirmando que o técnico da Croácia é, na verdade, o Clodovil.

***

- Mas conta alguma coisa engraçada de você...

- Pô, assim, de supetão, é difícil.

- Vou começar eu; já fui eleita a Rainha de Araruama.

Parei por ali.

domingo, 11 de junho de 2006

Detonautas

Eu assisti o último show do guitarrista do Detonautas, no Porão do Rock, em Brasília. Estopu para fazer um post detalhado sobre o Porão, mas esse aqui vai pros Detonautas.

Fato: eles estavam melhorando. Não gosto do Detonautas, mas o show foi bom. As músicas do último álbum são mais densas. As letras são melhores. O Tico tem que ser menos carioca, mas, enfim, são a banda de mais sucesso do Rio desde o Los Hermanos.

E fizeram muito por merecer. Quem acompanha a agenda de shows da cidade lembra que não havia final de semana sem show dos Detonautas, principalmente nas Lonas Culturais, um dos projeto mais acertados da prefeitura. Assisti show deles em sarau de universidade na W, para servir de exemplo.

Bom, o guitarrista morreu assassinado. Vacilou? Talvez, mas lembre-se que a avó estava no carro. Não vou bater na tecla da violência. A banda já falou disso, com mais propriedade pelo momento e melhor falado. O que mais me deixou perplexo é saber, 20 e poucas horas após eu ter visto o cara fazer o que mais gostava da vida - e, antes, tê-lo visto no saguão do aeroporto - ele estava morto.

A vida é pouca.

Homem-Aranha/ Homem-Aranha / Ele não bate/ Só apanha



Coisa boa de morar em NY é que você pode andar pela rua e esbarrar com uma filmagem de Homem-Aranha 3. Tirei daqui, onde tem fotos.

Quiz HQ

Quem é o sujeito? A Guinness é uma dica.

Depois coloco a resposta nos comentários.

Holanda

Acordei cedo à toa de novo. Timizinho enfadonho esse da Holanda. Não deve ir longe - mas acho que o Van Basten tá preparando mesmo eles é pra 2010.

Queimei a língua legal com a Suécia. Sancho e Hislop são os caras.

sábado, 10 de junho de 2006

Inglaterra: decepção

Começou rugindo (os primeiros três minutos) mas depois virou um time modorrento. Não disse a que veio ainda. Se o Roque Santacruz tivesse efetivamente jogado, as coisas teriam sido diferente. Acordei mais cedo pra ver pelada.

Vou pra praia e vou voltar no meio de Suécia e Trinidad e Tobago. Com a minha sorte, a Suécia vai esculachar e eu vou perder os melhores lances.

Ah, os tricolores devem ter ficado emocionados. O Paredes parece muito com o Roger. Inclusive, faz umas jogadas tão inverossímeis como o Roger.

quinta-feira, 8 de junho de 2006

Presente pro seu amigo clubber babaca

Uma camiseta com um equalizador que "se equaliza" com a música ambiente. Vem com microfone embutido.

Grande e cara merda.

O Optimus Prime nunca fez isso...




Belo comercial da Citröen. E ouçam o hip hop francês. Passy est le mec.

Obs.: Tragedy de cu é rola.

"It was the time of the Preacher..."

Preacher – A Caminho do Texas é a melhor coisa que Garth Ennis e Steve Dillon fizeram juntos – sempre com as lindas capas pintadas de Glenn Fabry. Talvez seja a melhor coisa que já fizeram. Se o nome de Ennis aparece em título de notícia aqui no SoBReCaRGa, a razão principal é Preacher. Mais de uma década após a publicação original – a primeira edição saiu nos Estados Unidos em 1995; a última, de número 66, é de 2000 – finalmente temos no país uma edição decente do início da saga de Jesse Custer. O encadernado da Devir compila as sete primeiras edições da série da Vertigo, com os dois primeiros arcos.

Mas, enfim, por que todo o foguetório acerca de Preacher? Pela complexidade e não-complexidade. A série mostra um pastor desencantado, Jesse Custer, que recebe em seu corpo uma entidade divina mega-poderosa filha de um anjo e um demônio, e resolve sair em busca de Deus – literalmente. Custer é acompanhado por sua (ex-)namorada Tulip, envolvida em um esquema criminoso, e pelo irlandês beberrão (quase um pleonasmo isso) Cassidy, na verdade um vampiro de 100 anos de idade – o ideal era manter esta informação sigilosa, mas, a esta altura do campeonato, todos já sabem do lado sobrenatural de Cass.

Como evidencia o subtítulo do álbum, Ennis usa seu olhar exterior para fazer de Preacher
também uma análise sobre o Texas, e destrinchar alguns dos elementos que compõem a base cultural de um dos mais poderosos estados americanos. Seu personagem principal está em uma cruzada religiosa, procurando seu Deus do interior do Texas até Nova Iorque. Os personagens resolvem tudo pela lógica da bala, remetendo aos cowboys que fazem parte da mitologia do lugar. E Custer tem como mentor espiritual o maior de todos os vaqueiros.

Ou você pode simplesmente ler Preacher como uma história hilária com alguns dos personagens mais bizarros das HQs mundiais – o que é o Cara-de-Cu!? – recheada de situações escatológicas, surreais, inverossímeis e deliciosas, como o fim do Xerife Root ou a revelação do detetive Paul Bridges.

Simplicidade também é a tônica de Steve Dillon. Seu traço claro e rápido dá total conta do recado – tanto que não mudou nada dez anos depois, como pode ser visto nas minisséries que ele agora desenha para a Marvel.

O ideal é que Preacher seja lido com as várias interpretações costuradas, sempre almejando a máxima diversão descompromissada e sacana – o principal objetivo dos geniais Ennis e Dillon. Bela química irlandesa.

Preacher – A Caminho do Texas tem formato 24x16,5 cm, 200 páginas em couché brilhoso, capa cartonada com reserva de verniz, introdução pelo escritor texano Joe R. Lansdale e custa R$ 45. A série completa terá nove volumes.

Publicado originalmente no Sobrecarga em 07/06/06.

Cara, isso é tão bom que ficou difícil descrever. Acho que tem coisas que só são possíveis em quadrinhos. Preacher é uma delas. Como isso consegue ser sarcástico, visceral, um tanto lírico. Poderoso!

quarta-feira, 7 de junho de 2006

João do Santo Cristo

Juscelino Kubitschek pode ter sido um grande FDP. Mas ele fez Brasília. Brasília é algo frio, não tem gente andando na rua, os prédios emulam o gigantismo do Estado. Mas como é bela aquela cidade. Há certas imagens icônicas que nos acompanham desde que temos consciência, como as abôbadas antagônicas da Câmara e do Senado, as arcadas e o meteóro do Itamaraty ou as colunas estreladas do Alvoradas, mas só vendo de perto para se ter noção. É o tipo de coisa que não se cansa de ver.

JK podia ser um FDP. Mas Niemeyer e Lúcio Costa eram FDPs maiores ainda.

De novo, estão complementando a esplanada com duas obras que estavam no programa inicial de Niemeyer, a Biblioteca e um centro de lazer (seja lá o que isto for). E estão reestruturando o cruzamento do eixo monumental com o eixão, após 50 anos de um volume de tráfego bem maior que o esperado. O concreto já rachou - pra finalizar com outra citação cínica.

terça-feira, 6 de junho de 2006

quinta-feira, 1 de junho de 2006

Eu sei o que vocês fizeram no verão passado

Caso você queira falir com a sua locadora, coloque Caché na seção de Terror. Ninguém alugaria, mas seria justiça cinematográfica.

Michael Haneke faz sua tensa crítica ao liberté - equalité - fraternité hipócrita da França, que tenta se misturar e não consegue. Ou nem tenta. Se o Cláudio Lembo fala em elite branca cruel no Brasil, experimente ver no hexagono.

Personagens bem construídos, belos planos, Juliette Binoche mostrando como ser histérica com classe. Daniel Auteuil é o melhor ator francês do momento - mesmo sendo argelino (e isto não está escrito aqui por acaso). Ainda bem que existe bom cinema europeu pra te livrar das baboseiras.

Shockrockets

Top Gun

Tramas complexas. Diversas referências que exigem glossário. Temas que podem chocar pessoas mais sensíveis. Ok, mas
Shockrockets – Esquentando os Motores não é nada disso. Trata-se de uma ingênua aventura direta de Kurt Busiek e Stuart Immonen com naves em um futuro próximo.

O politicamente correto protagonista latino Alejandro Cruz quer ser mecânico. Os Shockrockets, equipe aérea financiada por um pool de grandes empresas e governos, foi o principal trunfo na contenção de uma invasão alienígena, justamente por usarem tecnologia alien – uma fusão homem-máquina, algo meio Evangelion. Alejandro sonha com os Shockrockets, e – como você já imaginava –, por um golpe do destino, entra para o time salvando o dia, literalmente.

A introdução escrita pelo jornalista Rodrigo Salem, que traduziu a HQ, ajuda a desvendar quem é Busiek. Vítima de uma criação careta e de A Sedução dos Inocentes, livro que viu vários chifres em cabeça de cavalo nos quadrinho na década de 1950, o roteirista nunca foi dado a scripts rebuscados, mas sabe encadear bem uma história.

Nada disto impediu que ele utilize recursos narrativos interessantes, como usar um narrador-personagem diferente em cada capítulo de Shockrockets, abrindo e fechando com Alejandro. Talvez o mais interessante seja o terceiro, contado pelo japonês Shin Tsuruta, por ser justamente o mais, hum, complexo.

Immonen concebeu bons designers zoomórficos para as naves e deixa a história fluir bem com algumas páginas bem recortadas alternadas com splash pages. Ainda não é o esculacho visual de uma outra parceira com Busiek, Superman – Identidade Secreta, mas cumpre a missão.

Com suas seis partes publicadas originalmente em 2000 pelo selo Gorilla Comics da Image – frustrada tentativa de Busiek, Mark Waid e George Pérez de ter sua própria editora – e depois republicado em um volume pela Dark Horse, a HQ traz um estranho final profético à época, com um ataque terrorista em Nova Iorque.

Shockrockets é previsível. Mas se você se deixar enrolar, garante alguma diversão.

Shockrockets – Esquentando os Motores tem formato 26x17 cm, 164 páginas em couché, capa cartonada e custa R$ 33.

Publicado originalmente no Sobrecarga em 31/05/06.