terça-feira, 28 de fevereiro de 2006

Só existe uma coisa mais deprimente do que assistir desfile das escolas de samba em uma noite de carnaval

Assistir desfile das escolas de samba de São Paulo em uma noite de carnaval.

Com todo o meu preconceito.

domingo, 26 de fevereiro de 2006

U can't read this!

Ia dar uma retificada no modelo do blog, quando o blogspot dá o alerta: Interesting blog - MC Hammer.

Leitura assaz interessante.

PS: Como nem só de música ruim a gente vive, o Gathering já disponiblizou Shortest Day para download no site oficial.

sábado, 25 de fevereiro de 2006

Una Ballata del Mare Salato

Para quem nunca leu Corto Maltese, mas tem alguma noção da relevância do personagem, parece muito estranho – e genial – a maneira com que Hugo Pratt o apresenta: nada de embate heróico ou salvamento da pátria. Corto chega boiando em um pedaço de madeira, amarrado após um motim no seu barco. Era mais ou menos assim que os fãs do marinheiro estavam se sentindo no Brasil: à deriva.

A Balada do Mar Salgado é a primeira aventura de Corto Maltese. É também o primeiro álbum que a bem-vinda Pixel Media lança para singrar no mercado brasileiro de quadrinhos. Chegaram com banca: além da bela escolha para a estréia, prometeram acabamento de luxo, preços honestos e um tratamento diferenciado ao leitor brasileiro de quadrinhos, que já foi muito esculachado.

Sem papo de pescador: A Balada... - que já tinha saído por aqui no longínquo 1983, pela LP&M - tem toda a pompa necessária. Formato igual aos originais europeus – até na Itália já lançaram versões reduzidas, para baratear –, impressão clara, papel brilhoso de qualidade e dois artigos, bem semelhantes, onde ficamos sabendo que Corto já ganhou biografia em romance, que Pratt vem da mesma cidade que Fellini e que Hector Babenco já pensou em levar o personagem para o cinema.

No melhor estilo “meninos, eu vi”, o grande diferencial de Pratt é a representação dos cenários, que conheceu pessoalmente, e complementava com pesquisas. Nutria uma simpatia especial pelo Pacífico Sul, local que escolheu para inaugurar Corto Maltese. As práticas e culturas dos povos estão ali, bem como a arquitetura, as embarcações e os tipos humanos. Uma verdadeira viagem, no sentido clássico do termo. Um National Geographic sem ser enfadonho.

Pratt faz as diversas luzes do dia no preto-e-branco chapado do nanquim – coisa de quem já ficou muito ao ar livre e entende bastante de lápis. A diagramação das páginas é bem regular – salvo um boca-a-boca inventivo no final do álbum – mas o autor alterna super-closes com imagens distantes – principalmente nas ações passadas no convés. Seu traço, que explora as texturas – os transados de palha típicos–, ficaria ainda melhor depois.

A trama é um tanto quanto irregular; parece que você pegou o barco andando. Os personagens são meio jogados, para serem descobertos ao longo do álbum (ou não). Há algumas coincidências demais, compensadas pela amplitude de assuntos tratados – que vão desde detalhes técnicos sobre pirogas até a geopolítica da época e autodeterminação dos povos polinésios. E Corto Maltese parece aquele seu novo grande amigo: bacana, e que vai demonstrando sua complexidade ao longo do tempo.

Se Una Ballata del Mare Salato - no título original – ganha quatro raios, a Pixel fica com cinco por entrar tão bem em um mercado que, aos trancos, vai amadurecendo (compare a quantidade de lançamentos de hoje com cinco anos atrás). E, na concorrência com outras editoras que já vêm fazendo um trabalho legal, quem fica na maré mansa é o leitor.

A Balada do Mar Salgado tem 180 páginas e preço sugerido de R$ 33. Um preview pode ser baixado no site da Pixel.

Publicado originalmente no Sobrecarga em 23/02/06.

Mal posso esperar pelos próximos álbuns. Corto Maltese é um prazer.

Na pesquisa, esbarrei com esta boa crítica do UHQ, da edição antiga do mesmo álbum. Capa horrenda. E, olha só, Ed Motta compôs uma Balada do Mar Salgado para o Dwtza, um de seus discos esquisitões. Não gostei. Não acho que traduza o clima da história. Tire as suas conclusões na Rádio UOL.

Só melhora

Natalie Portman na capa da Vogue americana de março, pós-careca de V de Vingança.

Como ela consegue ser tão gracinha de tantas maneiras diferentes?

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2006

Liqui

A Checklist do Shopping da Gávea estampou o temo liqui (sem trema) pela vitrine.

Fica incrivelmente refinado perdo dos sale da vizinha Eclectic.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006

Capote

Seymour Hoffman

Philip Seymour Hoffman é um operário que trabalha pelas beiradas. Escolado em teatro – formado pela NYU, dois prêmios Tony na estante -, tem história como personagem de apoio em Hollywood.

Impulsionado pelo diretor Paul Thomas Anderson (Magnólia), que o coloca em todos os seus filmes, chama a atenção dos mais atentos por fazer – bem – diferentes tipos. Travesti e legendário crítico musical são algumas encarnações do ator. Porém, parece que Hoffman cansou de ter seu nome aparecendo em terceiro ou quarto nos créditos. Tornou-se produtor, escolheu um papel na medida para prêmios e é o rei da cocada preta em Capote.

O filme é um drama “meio” biográfico e o ator vive um personagem real. Bons pré-requisitos para um Oscar – e os Bafta e Globo de Ouro de Melhor Ator corroboram. A produção é um recorte da vida de Truman Capote, um dos maiores escritores americanos, enquanto prepara sua obra máxima, A Sangue-Frio.

Ao passar cinco anos esmiuçando um crime brutal, porém não exatamente relevante, Capote criou o romance de não-ficção, gênero literário inovador que entraria no pacote do Novo Jornalismo de Gay Talese, Tom Wolfe e outros.

Em belos planos de trigais, Capote mostra o requintado jornalista habitante de Nova Iorque – mas nascido no Alabama – indo ao interior do Kansas, onde a família Clutter foi assassinada. A idéia inicial é apresentar como o crime abalou a comunidade, mas quando os assassinos são capturados, Truman Capote passa a dedicar-se quase que exclusivamente a eles. Mais exatamente, a Perry Smith (Clifton Collins Jr.), com quem desenvolve uma relação de identificação e atração. Smith é sua contraparte toda errada. Na definição do filme, é como tivessem sido criados na mesma casa, só que Capote saiu pela porta da frente, e Smith, pelos fundos.

Capote acerta por não ser uma biografia, mas a história de uma pesquisa. E por mostrar como o processo consumiu o escritor – que nunca mais terminou um livro e morreu em decorrência do alcoolismo, em 1984 – e como ele mandou a ética às favas para sorver tudo o que precisava. Catherine Keener ganhou a indicação para Atriz Coadjuvante, mas, honestamente, não mostra trabalho para tanto. Talvez seja o carisma de sua personagem, Harper Lee, que auxiliou na pesquisa de Capote e escreveu O Sol É para Todos, livro adorado por muitos.

A atuação de Hoffman é um diferencial, principalmente pela pesquisa e o grau de “entrega” do ator. Quando não estava gravando, Hoffman mantinha a voz afinada e os trejeitos que desenvolvera para o personagem. Tem também a ajuda do roteiro, adaptado da biografia escrita por Gerald Clarke. Sua primeira aparição – como centro das atenções em uma festa – é bem definidora. Mas, na segunda metade do filme, recua um pouco para que Collins Jr. possa fazer um bom trabalho como Smith. Hoffman sabe a importância de um ator coadjuvante; já esteve lá muitas vezes.

Publicado originalmente no Sobrecarga em 23/02/06

Xerife Thompson

Informação bacaninha que li em uma reportagem de turismo hoje: em 1970, Hunter S. Thompson se candidatou a xerife de Aspen, cidade em que morou até se matar, no ano passado.

Perdeu por 200 votos.

Terça-Feira, 18h16

Foi esta a hora que a Prefeitura decidiu fechar metade da Rua Pacheco Leão, principal artéria viária do Horto, para repintar a faixa de pedestres.

Não sei como a Globo não deu piti...

Deve ser piada do Alcaide.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

É por essas coisas que eu sinto saudades da Europa

Será realizado numa cidadezinha perto de Munique. Oportunamente, no meio da Copa do Mundo (se a gripe do frango deixar que ela aconteça).

E qual é dessa logo "carta de seqüestro" do Metallica?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2006

Ufa!

Não é Rodrigo Amarante o parceiro de Marisa Monte em suas novas canções, e sim outro Rodrigo.

Tópicos para o U2

- Bono pinta o cabelo. E está ficando careca.

- O show da turnê anterior era muito mais redondinho.

- Engajamento demais é enfadonho.

- Zeca Camargo é enfadonho.

- A legenda tem sérios problemas com a tradução de tempos verbais.

- Bono faz muita firula. Acaba enfadonho.

- Achei seriamente que o Lula ia aparecer no final. Mas a campanha foi boa (para ele).

- No show que eu fui, eles tocaram Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me.

- A inveja é uma merda.

PS: Ontem, antes do show, as bilheterias do Morumbi e do Pacaembu vendiam ingressos, inclusive para estudantes. Parece que há uma lei que obriga a venda na hora do evento. Piada de irlandês a organização dessa vinda do U2...

PPS: As pessoas são rápidas. E invejosas: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8838692

domingo, 19 de fevereiro de 2006

Rolling Stones no futebol carioca

Flamengo - Miss you. Saudades do tempo em que o CRF era um time de verdade.

Fluminense - Waiting on a Friend. Sempre dá a expectativa de que é uma coisa, que vai chegar a algum lugar, mas decepciona no final.

América - Street Fighting Man. Guerreiro bravo e solitário.

Vasco - Out of Control. Define como é organizado o time de São Januário. Também é um obscuro single de um disco mais ou menos. Porque ninguém se importa com o Vasco de verdade.

Botafogo - Satisfaction. Um clássico que emociona através dos anos. Mas também é sempre a mesma coisa, sem inovar. Há um quê de Gimme Shelter também, porque aquela defesa é brincadeira.

sábado, 18 de fevereiro de 2006

Simplesmente amor

Consegui terminar de assistir Simplesmente Amor (Love Actually), filme que assistia a prestações no Telecine. Foi um estrondoso sucesso na Inglaterra, emocionando várias pessoas com dentes amarelados. Entre diversos motivos, destaco dois que os ingleses anseiam mas não encontram na realidade.

1 - um rockstar honesto, direto e politicamente incorreto. Que verve para humor do Bill Nighy.

2 - um primeiro-ministro que não seja um bundão, nem capacho de ninguém. Que aja de acordo com a imponência e importancia do velho UK.

O rockstar, pelo menos, ainda pode surgir.

I'm feeling in my fingers/ I´m feeling in my toes...

Wild Horse

Em algum lugar deste verão, chegará às telas de cinema Stoned. O filme é fraquíssimo; uma biografia da morte do Rolling Stone Brian Jones. Mas um dos trunfos de Stoned é jogar uma luz sobre Anita Pallenberg, a ítalo-germânica que se insinua para Jones nas sombras, enquanto o guitarrista foge das fãs em Munique. Para quem acha Marianne Faithful desconcertante, conheça Anita.

Anita é interpretada pela louraça belzebu Monet Mazur – sim, o nome dela é Monet –, que não fez nenhum filme que preste na vida. Mas Monet funciona bem em Stoned. Talvez por viver uma mulher que se deitou com três Stones. E que deixou os três de quatro.


Jones foi o pioneiro – como em muitas outras coisas entre os Stones. Como mostrado no filme, conheceu Anita. Ou melhor, foi conhecido. E, como também é mostrado no filme, Anita que apresentou várias substâncias que favoreceram seu lado criativo – mas que também foram seforam riativo do pancado - mas sconcertante, conheça Anita.us algozes. Em retribuição, Jones compôs as músicas para Degree of Murder, filme alemão em que Anita vive uma assassina – ela tomaria gosto pela coisa.


Em na sua loucura cada vez mais hermética, Jones deixando Anita de lado. A deixa para que Keith Richards entrasse em cena. Cuidou bem de Anita. Ficaram casados por dez anos, entre 1967 e 1977 gerando três crianças.


O casamento com Richards favoreceu que Anita dividisse as telas com Mick Jagger em Performance, psicodélica produção de 1970 em que o cantor meio que interpreta ele mesmo, em uma convivência forçada com um gângster londrino. Acabaram dividindo também a cama.


Deve ser um ponto delicado da tempestuosa relação Richards/Jagger.


Após o casamento com Richards, Anita cansou. Com o encaretamento do mundo na década de 1980, tornou-se estilista e crítica de moda – relevante, com artigos publicados na Vogue. Manteve algumas contribuições nas telas, mas nenhuma próxima de seu auge: Anita viveu a Rainha Negra em Barbarella. Dizem que o que Jane Fonda faz na tela não nada perto do que Anita fez nos bastidores.


E para quem pensa que a contribuição de Anita aos Stones é meramente sexual – como se isso fosse pouco –, um adendo: dizem as escrituras que Anita Pallenberg é a musa inspiradora de Wild Horses, uma das mais belas canções dos Rolling Stones.


Anita não era para ser domada.


Publicado originalmente no Almanaque Virtual em 16/02/06


Eu adoro escrever sobre mulheres fantásticas; é uma das melhores coisas para se fazer com elas.

Stoned

Como um Rolling Stone. Mas da pior maneira

Os Rolling Stones se apresentam somente em uma noite no Brasil, mas parecem que já estão aqui, e em todos os lugares. Chegam também aos cinemas. Stoned – A História Secreta dos Rolling Stones (Stoned, 2005) é, na verdade, a história de somente um deles: Brian Jones, o doidaraço guitarrista original da banda, encontrado morto na piscina de sua mansão dias após ter sido desligado do grupo, em 1969.


A música pop não seria a mesma sem suas lendas, e o mito de Jones é tópico de discussão há décadas entre os fãs dos Stones. O laudo oficial indica morte por afogamento após ingestão pesada de álcool e drogas – e, sendo Jones quem era, uma possibilidade deveras plausível. Porém, há versões que o louro foi assassinado. Até a CIA entra na parada. E é em cima de uma delas que Stoned trabalha.


O filme é centrado nos últimos três meses da vida de Jones (Leo Gregory, bem parecido, e com bom figurino), e na estranha relação que desenvolveu com o empreiteiro Frank Thorogood (Paddy Considine, o alter-ego de Jim Sheridan em In America), responsável pela reforma de sua casa. Praticante do amor livre, legítimo representante da época em que sexo, drogas e rock’n’roll não eram uma falácia, Jones causa fascinação e asco em Thorogood. O construtor machão, que perdeu um olho lutando pela Rainha em guerra, não sabe se o ama, o odeia ou se quer sê-lo. E Stoned transforma os últimos dias de Brian Jones em O Talentoso Ripley. Previsível, no mínimo.


Os poucos pontos altos do filme são os flashbacks do início dos Stones e do relacionamento de Jones com Anita (Monet Mazur), sua namorada ítalo-alemã monumental, depois surrupiada por Keith Richards (Ben Whishaw). Os outros Stones mal aparecem, e quando o fazem, fazem mal. Mick Jagger (Luke de Woolfson) é nulo. A cena da demissão de Jones é constrangedora, ainda mais com o clipe musical logo em seguida.


A música incidental é piegas, dando uma atmosfera de dramalhão. A trilha sonora é composta pelos blues que influenciaram Jones, sem músicas dos Stones – que não devem ter liberado os direitos. A direção de Stephen Wooley (estreante como diretor, mas experiente como produtor, já tendo no currículo outra biografia de banda, Os Cinco Rapazes de Liverpool) é retrograda. Parece da época em que a banda estava explodindo. Stoned parece um Rolling Stone, mas pelos motivos errados: quer parecer moderno, mas a embalagem é antiquada.


Só falta agora filmarem a transfusão de 100% do sangue de Keith Richards.

Publicado originalmente no Almanaque Virtual em 16/02/06.


Pra quem está com preguiça de ler: outro filme horrível. Como transformam a vida do Brian Jones nisso? E eu preciso selecionar melhor minhas cabines. Pelo menos, o cartaz é legal.

Fora de Rumo

Cantada barata

Na primeira parte de Fora de Rumo, Clive Owen e Jennifer Aniston iniciam uma conversa sedutora.

Aniston: "Que tipo de nome é Schine (sobrenome do personagem de Owen)? Judeu?"
Owen: "Rabínico. Mas sou filho de mãe católica. Tenho todos os tipos de culpa..."

O tipo de frase canalha e engraçadinha, lançada para enrolar uma mulher. Mais ou menos o que Fora do Rumo tenta fazer: enrolar o espectador. Só que a cantada é muito barata.

Charles Schine é um homem estagnado profissionalmente, com um casamento morno e uma filha doente. Até que conhece a economista Lucinda Harris (Aniston), também casada e meio frustrada, no trem que pega diariamente para Chicago. Carne nova no pedaço parece ser o que os dois precisam. O relato do affair é enfadonho, mas entretém. Até que o filme dá uma virada, e se você espera alguma surpresa de Fora do Rumo, pare de ler por aqui.

Philippe de LaRoche, personagem de Vincent Cassel, interrompe um momento íntimo do casal para um assalto. Espanca Schine. E estupra Lucinda. Como se não bastasse, segue fazendo chantagem sobre o publicitário.

Pode até parecer uma premissa interessante, mas não funciona. Os golpes armados por LaRoche são muito pueris. As armações têm buracos maiores que os cadáveres do filme. Você olha aquilo e pensa que não pode ser sério.

Outro problema são as atuações inconstantes. De um lado, Owen, que sempre dá nuances diversas aos seus tipos, e, em menor grau, Cassel, que é bom ator, mas que está caricato demais como o bandido francês. Do outro estremo, os rappers salada de letras Xbizit e RZA, que vivem eles mesmos. E, exatamente no meio, Jennifer Aniston, mais sóbria – até pelos cabelos mais escuros -, se livrando do ar apatetado de Rachel, mas que não tem a dualidade do personagem. E o filme tenta pegar leve com ela no final.

A enrolação podia até funcionar melhor, se a história não começasse em uma prisão. Você fica sempre se perguntando: “Ok, quando é que vai dar m...?”. O roteiro, baseado no romance de James Siegel, é bem preguiçoso. E o diretor sueco Mikael Håfström estréia em Hollywood com um trabalho bem água com açúcar.

Na medida em que o tempo vai passando, o filme vai descambando cada vez mais. Empurrado pela obviedade.

Publicado originalmente no Sobrecarga em 14/02/06

Para quem está com preguiça de ler: o filme é horrível.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Não, Dona Marisa

Marisa Monte compôs com Rodrigo Amarante para seu disco novo.

E eu pensando que Os Tribalistas eram o fundo do poço...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

E hás de ser/ Nosso imenso prazer

Mesmo com um primeiro tempo daqueles. Mas, se não tem sofrimento, não é Botafogo. E faz tempo que essa frase não fazia sentido. Oito anos, para ser exato.

Porém, o melhor mesmo foi ir no jogo com o meu pai, que só vai ao Maracanã em ocasiões muito especiais - quem viu Paulo César Caju, Jairzinho, Garrincha e Manga jogando não vai prestigiar quaisquer mequetrefes.

Na última vez que fomos juntos, foi também a última vez que o Botafogo ganhou algum título - final do Rio-São Paulo contra o SPFC, em 1998. Além de tudo, o velho é pé quente.

Poucos amigos meus conhecem meu pai. Ele é bem mais velho do que a média, pelo menos entre os amigos da minha idade - 73 anos. Ainda assim encarou um mochilão por França, Alemanha e Itália comigo. Foi fundamental para acertamos nossa relação - que, na verdade, nunca terá um acerto final. Ela vai se acertando ao longo dos anos.

E, por ter um pai mais velho que a média, passo por um processo que a maioria dos meus amigos só passará daqui a alguns anos: quando seu pai vira seu avô. Ele está se tornando um bom velhinho. Mas é campeão. Em vários sentidos.

Crédito das fotos: jornal O Globo.

PS: Parabéns para o América, que lutou até o final. Coisa de time grande.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Nada como uma noite de Luxúria

Luxúria engoliu o decepcionante show do Barão Vermelho ontem, na Fundição (aliás, está pra nascer local mais desconfortável e com som ruim).

É uma das duas bandas do ano - já digo qual é a outra. O CD tá redondinho, produzido por um ex-produtor do Pantera (o nome fugiu agora). O baterista é um cavalo, já tendo cobrido férias do Igor no Sepultura.

E Meg Stock é demoníaca no palco (com licença, Bethânia). Viva o
Meu Amor Imprerecível.

A foto é do show do Humaitá pra Peixe. Crédito: Joca Vidal.

sábado, 11 de fevereiro de 2006

Você sabe que suas férias estão muito longas quando...

... você se programa para assistir Egito vs. Costa do Marfim, final da Copa da África. 0x0 no tempo normal, 4x2 pro Egito nos penaltis.

A Costa do Marfim foi garfada.

A Caixa de Areia do Mutarelli


Choque de Realidade

Por mais fantasiosa que seja a História em Quadrinhos, ela é baseada na realidade que cerca seus autores. Por mais que trate de deuses nórdicos, Japão Feudal ou Zona Negativa, o dia-a-dia exerce influência. Mas encarar este cotidiano diretamente pode ser uma viagem mais transcendental e distante que todas as outras. E esta é a proposta de Lourenço Mutarelli e seu A Caixa de Areia ou Eu Era Dois em Meu Quintal, lançado pela editora Devir.

O álbum é uma tentativa desesperada de capturar a realidade. Não é uma autobiografia. Não trata de um grande momento específico. Só dias corriqueiros de Mutarelli, sua esposa
Lucimar, seu filho Francisco e do gatinho Nanquim. Uma invasão consentida de privacidade, que também se revela uma bela homenagem à família do autor, mas que exige muito do artista para enfrentar tal exposição.

Mutarelli recorre a vários artifícios para aprisionar e entender esta realidade: amigos, Schopenhauer, Platão, Lewis Carroll, Pieter Brüegel, fotografias, metalinguagem, memória. E, principalmente, a uma narrativa paralela, com dois narigudos dentro de um carro quebrado no meio do deserto. Os capítulos se alternam entre a história da família Mutarelli e as discussões de
Carlton e Kleiton, para serem chocadas de forma magistral.

O autor dá uma aula de como mostrar o silêncio em HQ em um dos capítulos com a dupla nariguda. Enche de detalhes os objetos comuns da sua casa, facilitando a identificação. Além de muita ironia, dá alguns toques de surrealismo, com bonequinhos falando. É a sua forma de interpretar a realidade.


Da ponta de um lápis, pode sair qualquer coisa. Este é um dos maiores baratos dos quadrinhos. Mas narrar o cotidiano também pode ser a maior aventura.


A Caixa de Areia
tem formato 21x13,8 cm, lombada quadrada, 144 páginas em preto e branco e preço sugerido de R$ 25.

Publicado originalmente no
Sobrecarga em 10/02/06.

Fiquei muito feliz com este texto. Simples e instigante. Bom. Fazia um tempo que isso não acontecia.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Slackers: Ska in Rio

Grupo nova-iorquino se apresenta no Rio e lança o debate: por que tão poucos shows de ska na cidade?

Em dado momento do show realizado no Teatro Odisséia no domingo, 29 de janeiro, alguém fala do palco:

“Blablablá e temos que batalhar para mais eventos como esse no Rio de Janeiro. Aliás, acho que um show como esse é inédito...”


Foi quando a ficha bateu: seria a apresentação dos nova-iorquinos do Slackers o primeiro show de uma das grandes bandas de ska no Rio? Toasters e Mighty Might Bosstones já passaram pelo país, sempre longe do território fluminense, na tenebrosa época em que cariocas tinham que se deslocar para SP ou BH para assistir alguns artistas gringos.


(Isso parece estar mudando, com o reaquecimento da economia. U2 não veio por uma questão estrutural – e de negociação; já o Gathering, que toca só em São Paulo no dia 3 de março, é mesmo a velha (in)viabilidade econômica que os afasta do Rio. Mas Santana, Millencolin e Helloween vêm neste início de ano.)


Voltando a vaca fria do ritmo jamaicano, o exílio carioca do ska torna-se ainda mais curioso porque uma das bandas referências do assunto no país vêm do Rio. Os Paralamas do Sucesso têm até música nomeada Ska e, por mais que não sejam “ska de raiz”, usam e abusam da levadinha rápida na guitarra e do naipe de metais. Já até dividiram palco com uma das bandas que mais fizeram pelo gênero, mesmo também não sendo “ska de raiz”: o UB40 – que tocou no Rio em algum lugar da segunda metade da década de 1990, talvez o último show carioca de ska.


A questão torna-se ainda mais curiosa pelas bandas de abertura. O La Bamba tocou um medley de marchinhas de carnaval – Aurora, Maria Sapatão, por aí – vertidas para o ska. E o Coquetel Acapulco apresentou uma ótima versão de Vou festejar – de Jorge Aragão, Dida e Neoci, mas que todos conhecem na voz da Beth Carvalho. Duas músicas (ou coletivo de músicas) bem cariocas, e que funcionaram muito na nova roupagem. E os dois grupos são representantes de diversos outros que se dedicam ao ska pelo underground da cidade já há alguns anos.


A própria vinda dos Slackers só se construiu, claro, com uma passagem em São Paulo – duas apresentações no festival Sons de uma noite de verão, no Sesc Pompéia – em uma jogada aparentemente arriscada, mas que acabou dando certo. Usando a indumentária típica – com destaque para a elegância do vocalista e trombonista Glen Pine, o mais carismático no palco – os nova-iorquinos provaram porque são uma banda basilar. A noite contou ainda com uma apresentação do trovador Chris Murray e da banda de reggae Firebug.


Mesmo sendo uma casa de médio porte, o Odisséia estava bem lotado. Público, percebe-se que existe já há anos. Parece que falta mesmo é colocar as bandas no palco - e agora que o Madness lançou disco novo e já está em turnê, fica mais fácil.


Publicado originalmente no Almanaque Virtual em 07/02/06.


Vem cá: nos dois sabemos que este texto ficou uma bela merda, não? Amanhã entra um sobre o Stoned bem melhor.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Esclarecimentos (agora escrito corretamente)

1 - O filme do Freak Brothers é stop-motion mesmo. Uhu. E rola o boato furado que Jack Nicholson, Peter Fonda e Dennis Hopper fariam as vozes. Bom, porém muito improvável.

2 - Daniel Gotilla mandou uma explicação gigantesca sobre como o negócio da Fon tem dias contados. Em resumo, tem ligação com a cobrança de banda larga, que não é padronizada nem aqui, nem em nenhum local do mundo. E não é tão simples assim chegar a um padrão. E ninguém vai querer pagar autruísticamente pelos outros.

Freak Brothers em filme

Primeira imagem de divulgação de Grass Roots. A nota de onde tirei não exclarecia, mas parece ser stop-motion.

Now I wanna be your dog!

Iggy Pop na Trip!. Os comentários sobre Deus e Barra da Tijuca são ótimos.

As melhores idéias são as mais simples

Fon e seu compartilhamento de Wi-Fi na coluna do CAT.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Um francês

Conversei com um francês em uma festa na sexta. Após ser apresentado por uma amiga, o papo foi mais ou menos assim:

- Prazer. Você é da onde?

- Paris mesmo. Mas estou morando em Londres. Kensington Park. Na verdade, sou metade francês, metade brasileiro. Gosto de passar as férias aqui. Mas, quando tenho vontade, venho também para um final de semana. Gosto da simplicidade carioca...

- Bom. Eu passei um tempo em Paris.

- Onde você morou?

- No 20ème.

- Putz. Que nojo! Morar no 20ème? Que horror!

- Eu gostava. Você tem casa onde lá?

- No 16ème. Morava na Etoile. Mas 20ème. Que horror... Bom, quais eram os clubes que você gostava?

- Ia muito na região da Bastille e...

- Nossa! Que pobreza! Ai...

- Eu gostava, porra! Adorava o Le tripityque e ia, às vezes, no Le Loco...

- La Loco! Mas que mau gosto o seu! Você não ia nos clubes da Etoile?

- Não. Não gostava. Não eram na minha alçada.

- Triste.

- Bom, vou dar uma volta.

- Isso. Depois a gente conversa mais.

- Prazer.

- Prazer.

Caramba! Que saudade da arrogância e da soberba francesa! O pior é que, depois que você entende a lógica dos caras, respeita, admira e até sente falta.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Judi Dench...

... foi considerada 'velha demais' para os talk show americanos.

Adoro picuinhas anglo-americanas.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Seth Fisher

Faleceu hoje em Nagoya, no Japão, o desenhista Seth Fisher. Considerava o cara muito promissor. Uma pena. Mais tarde, entra nota no Sobs sobre isso. Por enquanto, vai o site oficial do cara.

Sobre ausência

Chegada de viagem + um computador explodido foi o que me tornou um excluído digital por alguns dias. Resolvi da maneira mais radical: comprei um novo.

Mas não quero falar sobre o que fiz nesses dias agora. Vou falar do que vi essa tarde.

Enquanto instalava meu XP, assistia pela janela um avô ensinando seu neto a andar de bicicleta sem rodinha no play do vizinho. Foi muito bom ser espectador de um momento que, para os dois, será eterno. E foi uma das melhores coisas que vi este ano.