domingo, 4 de fevereiro de 2007

Divina Comédia

E eu me perguntava: "Ok, porque eu não fui - e buzinei quem foi - naquele show-pastiche do Doors sem Jim Morrison e estava agora em um show dos Mutantes?".

A resposta veio mais ou menos na terceira música -
Tecnicolor - quando a onda começou a batar: aqueles geriátricos - grande Santa Rita de Sampa - são História. E são genuínos e honestos. Não fui no outro show para poder comparar, mas não teve bateria de escola de samba ou neguinho querendo parecer defundo ressuscitado.

Sergio Dias é um bruxo. Saca muito de harmonia, tem a voz incrivelmente límpida para a idade e a quantidade de drogas que tomou e sabe conduzir um show. Arnaldo Baptista é um zumbi, tendo tudo o que faz sendo coberto pelo outro tecladista. E Zélia Duncan, a parte final da resposta, é original. Ela faz o jogo dela - já bem azeitado em anos de carreira -, sem tentar ser Rita Lee. E está feliz como uma criança no palco.

Os demais integrantes da banda também se garantem, incluindo o baterista velhinho da formação das antigas. Velhinhos também eram uma boa parte do público, e assistí-los emocionados foi um extra do show.


O set-list teve tudo o que queria ver - e inclusive as que eu queria e tinha esquecido que queria, perdidas em alguma parte do sub-consciente. Bateu forte El Justiceiro, Desculpe Baby, Baby, Top Top,
Minha Menina, Ando meio Desligado, Panis et Circenses - essas duas no bis - e, sempre, Balada do Louco. Se algo fez falta, foi Jardim Elétrico.

Enfim, um momento efêmero que sai da vida para entrar para a minha história. Nunca imaginei que ia ver o que vi ontem.

PS: Completando o sábado, comecei a ler o mega-álbum da Morte, lançado pela Conrad. Boa literatura é algo sobrenatural.

PPS: Lembrei de uma entrevista do Sérgio Dias - de quem já tinha visto show em algum lugar, acho que em Porto Alegre - pro João Gordo, que teimava em chamá-lo de Arnaldo. Até que ele virou: "Mas diz aí, Jô..."

PPPS: Parece que em SP foi melhor ainda.

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