quarta-feira, 27 de setembro de 2006

Iñárritu

Alejandro González Iñárritu estava atrasado. Mas só para a entrevista coletiva, devido a um problema na conexão de seu vôo. O cinema de Iñárritu é um dos mais urgentes e pontuais feitos hoje nos Estados Unidos – ou melhor, no mundo, já que o mexicano diz que sua obra não tem nacionalidade. E Babel, seu último filme, passa por três continentes diferentes para sustentar a tese.

O realizador faz um cinema múltiplo, que embola questões políticas com problemas pessoais. Fragmentado como a vida insiste em ser. Na entrevista abaixo, ele fala de sua obra, de como é ser um mexicano nos EUA e sobre Babel, que está sendo exibido no Festival do Rio. Quem não passar pelo Rio (ou não conseguiu ingresso, já que todas as sessões do filmeestão esgotadas) terá que ser paciente: a data de estréia é 19 de janeiro.

Como nasceu Babel?

A idéia surgiu há uns três anos e meio, meses antes de fazer
21 Gramas. Comecei a pensar em um filme com cinco línguas diferentes, que se passasse em cinco continentes, e que continuasse abordando essa teoria que um pequeno ato em um lado do mundo pode gerar uma tsunami no outro. Fechar em escala global o que já tinha sido tratado em Amores Brutos e 21 Gramas. E também havia uma necessidade pessoal, uma necessidade de me expressar globalmente após ir morar nos Estados Unidos.

O filme se passa no Japão, Marrocos, México e Estados Unidos. Por que estes países?

Originalmente, seriam cinco países em cinco continentes diferentes. Mas achamos que um malabarismo com cinco laranjas seria mais difícil. Na primeira versão do roteiro, o filme começaria na Tunísia. Mas visitei o Marrocos quando tinha 19 anos. Foi um impacto muito grande, tinha que usar aquilo. Também achei que era importante abordar a fronteira entre México e Estados Unidos, propor personagens e questões. E o Japão era um mistério, desde a primeira vez que fui lá. Tinha que me aproximar. Há uma simetria entre os países, dois do primeiro mundo e dois do terceiro. E também entre os personagens. Alguns tentam sobreviver além das fronteiras de seus países e outros sobreviver em seus países.

Como foi filmar em vários países e idiomas diferentes?

Eu adoro a possibilidade de falhas. Se não há risco, não me excita. Babel podia falhar sempre, não só na questão da linguagem, mas poderia virar um filme sem harmonia. Era fundamental a sensação de um todo no filme, e não de quatro curtas.

E a escolha dos atores?

Dezessete dias antes das filmagens, eu só tinha Cate Blanchett e Brad Pitt. Nas seqüências do Marrocos, decidi que ia procurar 90% do elenco necessário por lá. Era um desafio, mas que também daria uma maior pessoalidade ao filme. Cate Blachett é uma das melhores atrizes do mundo. E Brad Pitt representou um risco. Não é um papel óbvio para ele. Quis fazer as pessoas esquecerem que ali está o astro Brad Pitt, torná-lo um ser humano comum.

E como foi o trabalho com atores e não-atores?

Sempre é difícil. Com atores, conto a idéia e o conceito do filme e tentamos achar algo comum. Estive com Naomi Watts várias vezes antes de ter fechado o roteiro de 21 Gramas. Em Babel, foi mais complicado porque os atores só sabiam sobre as suas partes no filme. Alguns deles só foram se conhecer no Festival de Cannes. Com os não-atores, tento simplificar, buscar experiências pessoas. A emoção funciona como um rio, e as palavras são como barquinhos flutuando neste rio. Basta projetar isto para o filme.

Babel traz umas quebras na narrativa e no tempo, como seus dois longas anteriores. Isso é uma marca sua ou só desta trilogia?

Cada história encontra uma maneira de ser contada. Meu pai, por exemplo, começa uma história pelo meio, depois avança um pouco para o fim, conta um pouco do começo. E assim vai. Minha principal influência na forma de contar história é a literatura latino-americana – Julio Cortázar, Ernesto Sábato – que utilizam quebras. Babel é meu filme mais linear. Mas nem tudo pode ser contado assim.

O senhor já disse que foi influenciado por William Faulkner. E no cinema, quais foram suas influências?

Acho que Rashômon (1950), do Akira Kurosawa, é o primeiro filme a ter uma estrutura quebrada. Mas não sei há uma influência específica. Cinema é uma experiência emocional fragmentada. Nosso cérebro preenche a informação necessária entre as cenas. É algo único, que só o cinema tem. Estamos sempre construindo e reconstruindo nossa vida com os fragmentos. Meu jeito de narrar é natural. Tenho uma tia que conta as histórias sempre de forma linear e fica um saco. Estão desaparecendo as formas rígidas e tradicionais de narrativa no cinema – e na literatura também.

Como foi sua transição para Hollywood?

Basicamente, o resultado de Amores Brutos levou a 21 Gramas e, agora, Babel. Sei que sou um privilegiado. Um projeto como este tem uma alta possibilidade de fracasso, mas o estúdio resolveu bancar. Acho que ser diretor de cinema é como ser toureiro: não é uma profissão, é uma atitude. Mas também acho que meu cinema é nômade. Não sei o que faz um filme ter esta ou aquela nacionalidade.

Alguns diretores latino-americanos estão dirigindo filmes relevantes em Hollywood, com alto orçamento. O senhor enxerga alguma semelhança entre eles?

Curiosamente, Alfonso Cuarón, Guillermo Del Toro e eu estamos lançando filmes agora, no segundo semestre de 2006. E são filmes que coincidem tematicamente, tratando de terrorismo, militarismo e violência. Os temas do século XXI. Só que Del Toro [que lança El Labirinto del Fauno, também presente no Festival do Rio] fala do passado, eu falo do presente e Cuarón [com Filhos da Esperança, que estréia em breve] fala do futuro. Esta semelhança já foi apontada em artigos, uma trilogia não planejada. Ficamos muito contentes com a coincidência.

Como o senhor conseguiu manter suas características autorais trabalhando para o cinema americano?

Walter Salles, Fernando Meirelles, Cuarón, Del Toro e eu somos privilegiados. Fazemos um cinema nômade, sem nacionalidade ou bandeira. Podemos rodar em qualquer lugar do mundo. Eu tenho a mesma liberdade que tinha no cinema mexicano. Se o filme sai uma merda, a culpa é minha, porque fui eu que decidi tudo. O cinema latino passa por uma ótima fase. Há uma certa voz de urgência em seus realizadores.

O senhor continuará trabalhando com o roteirista Guillermo Arriaga após a trilogia?

Minha parceira com Guillermo foi muito boa e intensa, durou nove anos. Mas agora ele está produzindo um filme e quer dirigir. Eu não sei o que vou fazer. Estou trabalhando em vários projetos, mas sei qual será prioridade. Ou melhor, sei: quero tocar meu projeto mais difícil, que é não fazer nada.

Há quanto tempo o senhor mora nos Estados Unidos? E o que o senhor acha das políticas de imigração do país?

Acho que os EUA usam o terrorismo como desculpa para se fechar. Intolerância já é um termo suave para definir suas políticas. São um país que se orgulha de ter derrubado o muro de Berlim, mas agora constroem o maior muro do mundo em torno de si mesmo.

Publicado no Sobrecarga em 27/09/06.

Cara bacana. E com conteúdo.

terça-feira, 26 de setembro de 2006

Lynne & Tessa

Mas uma da série "fenômenos do Youtube (na verdade, do Google Videos)". Lynne & Tessa viraram fixação na Alemanha fazendo o que todo mundo faz, só que na frente de uma web can: dublando e interpretando músicas mongóis. As moças de Frankfurt tem mais de um milhão de referências no Google e, claro, sua página oficial.

Minha versão preferida é a da Barbie Girl. Aliás, eu gosto dessa música de verdade. Aqua toca na Europa até hoje.

Tessa, a loura, tem uma cara lasciva...

[Atualização]

O de Wannabe também é legal (eu tenho que parar de ficar vendo essas merdas).

segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Apocalypse Now

Estou lendo Juízo, de João Ximenez Braga (link pro blog dele aí ao lado), livro que pingou na minha mão direto da redação da TV PUC.

A história se passa em um futuro próximo, mas que não deixa de ser apocalíptico. 2011, e o presidente do Brasil é evangélico. A bancada evangélica transpartidária vota leis que restringem a liberdade de expressão e a individualidade em todas as esferas. Toque de recolher em algumas áreas, restrinção à contenção de DSTs e negação de direitos à alguns grupos.

Nenhum George Orwell ou James Cameron me assusta mais do que este futuro terrivelmente possível.

sábado, 23 de setembro de 2006

Nova musa

O cinema é também a arte de mostrar mulheres (tá, entrego. Li essa aqui). Marilyn Monroe de tomara-que-caia rosa, Claudia Cardinale suada em um rancho, Juliette Binoche fumando na janela com chuva, Winona Ryder dançando sob flocos de neve, Kate Winslett fazendo careta com cabelo laranja, Eva Green perguntanto "Que estátua?". E Kevin Smith acaba de contribuir com a lista, e conosco, com Rosario Dawson dançando no telhado ao som de ABC pelos Jackson's Five - que culmina em uma cena de musical que todo diretor de bom humor sonha em filmar.

Rosario é tudo o que os homens querem. Pelo menos, o que este homem quer. Espirituosa nas sacadas, belos lábios grossos à la Alinne Moraes, inteligente com personalidade e sagaz nas putarias - tanto verbalmente quanto fisicamente. Sim, isto é a personagem de
O Balconista 2 - dessa vez, só dessa vez, vou me render à tradução que gosto -, mas é só dar uma averiguada na carreira da moça e imaginar que ela não deve ser muito diferente. Não é qualquer que não tem a frescura para fazer esse tipo de papel.

Smith envelheceu bem. Envelheceu seus personagens bem. O filme é engraçado, hilário, bizarro, com referências à cultura pop - Guerra nas Estrelas x Senhor dos Anéis
. Mas sabe mostrar como o tempo passou para aqueles personagens, e como eles se sentiram atropelados pelo tempo. De certa forma, dá para fazer o paralelo com o próprio primeiro filme e seus atores - e com quem está na platéia. Mas logo depois Jay & Silent Bob fazem algo para aliviar. Ou - santo cahvão - mostrar que tudo o que você mais procura pode estar dentro de você.

Festival começou bem. Babel também é ótimo. Até mais do que isso.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Novas imagens da Cicarelli!!!

Mentira.

Não há novas imagens da Cicarelli aqui.

Mas eu inscrevi esta página no Blog Share Market e preciso aumentar os acessos para melhor a cotação. Creio que os três pontos de interrogação serão decisivos para o objetivo.

PS: Tudo o que eu teria a dizer de Cicarelli o Tutty já disse.

Suíte do abaixo

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

Lulagate

Eu falo muito pouco de político, economia e assuntos internacionais, e me sinto um idiota por isso.

Hoje eu vou falar, só para ser do contra: ninguém está falando. Sim, o caso do dossiê Serra está na mídia, capas de jornais e correria nas revistas. Mas ninguém comentou nada comigo nas últimas 48 horas. Não recebi nenhum e-mail sobre o assunto. Não tem discussão. Não se comenta.

As pessoas estão anestesiadas. Ou melhor, de saco-cheio.

Nem assunto político o Lula consegue ser direito.

O site do Leo Finocchi

Meu grande e barbado amigo Leonardo Finocchi, carinhosamente chamado em nossas tardes de golfe de Leo Pinocchio, está com belo site novo:

www.leonardofinocchi.com

Curto e grosso

E eis que chega às livrarias a última história de Sin City ( pelo menos até agora). Última história não é o termo exato: Sin City – Balas, Garotas e Bebidas, da Devir Livraria, reúne 11 contos curtos de Frank Miller, variando entre 3 e 25 páginas, alguns já lançadas de forma avulsa pela Pandora Books.

Os três termos que dão nome à edição parecem ser os ingredientes básicos para uma noite divertida em Basin City. É o que Miller fez: foi se divertir. Após ter provado para todo mundo a qualidade de Sin City nos álbuns anteriores, o quadrinista reuniu aqui idéias pela metade, experimentos gráficos, refugos de tramas anteriores e o que mais pintou em sua cabeça. Coisas quase despretensiosas, feitas para aliviar. Mas que são bem finas.

A mais afiada delas é Noite de Paz, história muda quase toda composta por quadros de página inteira estrelada pelo favorito dos leitores, Marv. A seqüência do grandalhão andando na tempestade de neve é linda – e, para complementar, foi feita em memória de Hugo Pratt. Marv parece ser o favorito não só dos leitores: a história que abre o álbum, Mais uma Noite de Sábado, também enfoca o brutamontes e toda sua delicadeza.

Outra pessoa que Miller aprecia bastante é Délia. A senhorita de trajes e íris azuis tem sua estréia como assassina contada em três histórias. Na primeira delas, Olhos Azuis, o autor nos leva por uma turnê pelos principais cenários de Sin City, com pontas de diversos personagens. Aquela estranha cidade ficou íntima depois de sete álbuns...

Desde O Assassino Amarelo, Miller vem inserindo novas cores na série. O vermelho estava reservado para o vestido e os lábios de Mary. A Dama de Vermelho fecha o álbum com a qualidade lá em cima.

Para uma coletânea, Sin City – Balas, Garotas e Bebidas consegue manter um bom nível entre as histórias – que ganham belos painéis como separação, estrelados em maioria pelas garotas da cidade. E, voltando à diversão do autor, o álbum tem uma importância estratégica: é dele a história O Cliente Sempre Tem Razão, primeira seqüência filmada por Robert Rodriguez para convencer um ressabiado Frank Miller que era possível transformar sua cidade em filme.

Sin City – Balas, Garotas e Bebidas tem formato 26x17 cm, 160 páginas e custa R$ 38.

Publicado no Sobrecarga em 20/09/06.

Eu tenho duas dessas histórias em um edição da Pandora. Poderia dar para alguém. Podia vender. Mas é justamente a que tem um pin-up de Sin City feito pelo Flávio Colin. Minha doação pessoal à internet:

Substâncias ilícitas

Melhor título dos últimos tempos.

Where is my mind perecundecundêro

O Gram seguia fazendo o show de lançamento de seu novo CD, Seu Minuto, Meu Segundo, e eu conversava e tomava uma caipirinha ruim. De repende, Where is my mind?, do Pixies, vem do palco. Troco de andar para assistir e Tato, do Falamansa, está nos vocais. Ótima pronuncia, letra decorada, intimidade com a música...

Adoro essas coisas inusitadas.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Cofre Primavera dos Livros - pt. 2

Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes (R$ 23) - com tradução - e adaptação - de Ferreira Gullar e ilustrações de Gustave Doré. Irresistível.

Serge Gaisnbourg - Um Punhado de Gitanes, de Sylvie Simmons (R$ 25) - Gainsbourg é o tipo de cara cuja a obra é fantástica e a vida é melhor ainda. Gostei muito do catálogo da editora Barracuda, cheio de pessoas malditas. E é sempre bom trocar idéia com os editores.

Perfis do Rio, Salgueiro - 50 anos e outros (R$ 0) - Estande de troca da prefeitura, onde você leva livros para bibliotecas públicas e ganha outros de prsente. Bela sacada!

Malditas promoções...

Dinastia M

Todo estúdio de cinema de Hollywood tem uns dois ou três blockbusters na manga para salvar o seu ano. A estratégia já migrou para as duas grandes editoras de HQs dos Estados Unidos. Dinastia M, lançada pela Panini Comics, é o arrasa-quarteirão anual da Marvel, com uma série própria gerando ondas de choque para vários títulos mensais (Crise Infinita, o blockbuster da DC, estoura quando Dinastia M estiver acabando). E, como se tornou praxe na editora, tudo comandado por Brian Michael Bendis.

A história é uma continuação de Vingadores – A Queda. Caso o leitor desconheça o episódio, a Feiticeira Escarlate perdeu as estribeiras, matou alguns vingadores, desmontou o Visão, feriu muitos outros e explodiu a mansão. É mais ou menos assim que A Queda é descrita no pequeno recordatório no início da primeira edição.

Baixada a poeira, X-Men e Vingadores se reúnem para decidir o que fazer com Wanda Maximoff, que está sendo mantida em Genosha por seu pai, Magneto, e por Xavier. Quem não acompanha mais as séries regulares dos grupos pode até estranhar a presença de um ou outro personagem, ou o fato de Genosha, que era a metáfora mutante exagerada para a África do Sul do apartheid, ser hoje o vazio reino de Erik Lehsherr. Mas, em geral, tudo em Dinastia M é inteligível para quem não pega um gibi de heróis há tempos. Porque parece ser este o público-alvo da série.

Os editores podem não afirmar, mas Bendis escreve quadrinhos de heróis para quem estava por aí há 10 ou 20 anos. Os adolescentes que vão ler universo Ultimate, mangás ou ver os filmes. O trunfo de Dinastia M é resgatar o “clima festivo” de ver seus personagens preferidos todos juntos, com direito a quadros gigantes e páginas duplas no encontro deles. Para que você se sinta da mesma maneira que quando leu, sei lá, Ataques Atlantes. Pode-se discordar da estratégia, mas a primeira parte de Dinastia M – a edição brasileira reúne as duas primeiras americanas – foi a segunda HQ que mais vendeu ano passado nos EUA.

Voltando à revista em si, o pouco conhecido francês Olivier Coipel foi uma aposta arriscada da Marvel para os desenhos. Seu traço não tem muita identidade, porém garante alguns planos bonitos de Genosha esvaziada. Mas ele entende de narrativa, como fica provado na seqüência-solo do Homem-Aranha no final da primeira parte. E Bendis, que é macaco velho no mundo dos roteiros, sabe que nada é mais tenso do que confronto familiar. E reserva os melhores momentos da história para Magneto, Feiticeira e Mercúrio – acompanhados do agregado Xavier.

Na segunda parte, descamba-se para um grande O que aconteceria se… humanos fossem mutantes e mutantes fossem humanos. A trama vai se desenrolar nesse mundo alternativo, tendo o Wolverine como personagem de destaque e talvez caia um pouco. Mas, como qualquer blockbuster, venderá muito e atrairá a devida atenção. Missão cumprida.

Dinastia M 1 tem formato americano, 56 páginas em papel LWC no miolo e custa R$ 5,90. A revista está disponível em duas capas alternativas de Essad Ribic.

Publicado no Sobrecarga em 18/09/06.

Parafraseando Michael Corleone em Chefão III, quanto mais eu tento parar de ler essas merda de super-herói, mas elas me puxam de volta.

segunda-feira, 18 de setembro de 2006

Unforgiven

Como você deixa Unforgiven (Os Imperdoáveis é erro de tradução) ainda melhor? Bota o Bill Sienkiewicz para pintar o pôster.

domingo, 17 de setembro de 2006

Cofre Primavera dos Livros - pt. 1

Cultura do Medo, de Barry Glassner (R$ 15) - paquerava este livro desde o lançamento. Para melhorar meus argumentos contra a(s) histeria(s) coletiva(s).

São Paulo, Cidade Invisível, de Marcílio Godoi (R$ 5) - outra paquera antiga. Peguei no saldão. Tomara que não seja tão bairrista.

Chapa Quente, de André Kitagawa (R$ 13) - Telio Navega disse que é um dos melhores quadrinhos do ano. Virou peça de teatro com adaptação por Mário Bortolotto.

Bruxa, Bruxa, venha a minha festa. Texto de Arden Druce, arte de Pat Ludlow (R$ 20) - Esculacho visual. Foi irresistível. O melhor é a faixa etária recomendada: 3-7 anos.

Até que não gastei tanto. Mas tem uma biografia do Serge Gainsbourg e um Don Quixote com gravuras do Gustave Doré que serão devidamente adquiritos hoje. Por que a Primavera é do lado da minha casa?

Paraíso Perdido

Uma pilha de álbuns para resenhas, e Reino dos Malditos, lançado pela Pixel Media, acaba indo lá para o final. Por quê? Por ser de dois autores desconhecidos; por trabalhos de outras pessoas ganharem prioridade; por trazer um anãozinho esquisito na capa… Enfim, por negligência. E, após a leitura, adicione burrice.

Negligência também foi o problema de Christopher Graham, o personagem principal de Reino… e maior escritor infantil do planeta, segundo a obra. Como a maioria dos bons escritores, Chris teve uma infância complicada, e criou o mundo fantástico de Castrovalva como válvula de escape. Ele cresceu, e Castrovalva ficou para trás.

Para retornar de uma forma perturbadora. Durante desmaios cada vez mais freqüentes, Chris acaba transportado de volta à Castrovalva, agora devastada por uma guerra contra um ditador militarista que comanda as hordas da Terra Debaixo da Cama.

Esta última parte da premissa inicial da história pode parecer meio infantil. É exatamente a proposta do roteirista Ian Edginton. A arte de todo o álbum pode parecer meio infantil. É exatamente a proposta do desenhista D’Israeli. Os dois britânicos usam o fascínio que a histórias para crianças ainda nos causam para tratar de temas espinhentos como inveja e cobiça.

Edginton concebe personagens fofinhos e adoráveis, para depois reapresentá-los de forma atemorizante. Os anõezinhos da capa são, na verdade, ursinhos de pelúcia preparados para a batalha, e isto pode ser bem inquietante. Além da concepção, Edginton ganha trunfos pelo texto, que passa sempre longe do clichê, mesmo no discurso do vilão. E cria uma explicação final bem surpreendente para tudo aquilo.

D’Israeli se expressa em um estilo bem caricatural para representar os bizarros habitantes de Castrovalva, e que ficam cada vez mais bizarros. E sabe trabalhar muito bem as cores, sobretudo nos trechos mais sombrios para o final da história e nas cenas fortes pinçadas aqui e ali.

Uma leitura que fará você se recompor com tudo o que saiu da sua cabeça desde criança. Para ver se não tem nada ainda escondido por lá.

Reino dos Malditos tem formato 26x17 cm, 128 páginas com toda a trama e uma história curta extra e custa R$ 33. Um trecho do prólogo pode ser lido aqui.

Publicado no Sobrecarga em 13/09/06.

Resenha meio xexelenta essa... Linkei o blog do D'Israel aí ao lado.

sábado, 16 de setembro de 2006

Co-edição Marvel e Playboy

Entendeu nada? Entenda aqui (como se precisasse).

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Primavera dos Livros

www.primaveradoslivros.com.br/rj

Começa hoje. Bela oportunidade para conhecer novos e velhos autores e novas e velhas editoras por preços mais baixo. Vai rolar saudão de R$ 5
.

Muito barulho por alguma coisa

Os sinais que algo estava fora de ordem eram claros logo na entrada da Fundição Progresso: uma equipe do Fantástico presente. A Globo quando transmite show de rock parece a MTV naquela época que resolveu ser popularesca e passar clipe de pagode. Fica alienígena.

Os caras do Franz Ferdinand são bons de palco. Os problemas estavam em outros lugares. Entra ano e sai ano e o som da Fundição continua detestável. Um bololô de reverberações. Me arrependi menos de não ter ido no Slayer; imagino a maçaroca que estava.
E ontem tiveram que parar o show no meio e colocar os cases de amplificadores para escorar a grade. Amador.

E o outro problema era o público. O show do Circo criou uma mística muito grande, e todo mundo saiu de casa com o intuito de repetir a dose - incluindo os quatro escoceses (ou cinco, ou seis, já que sempre tinha mais alguém no palco). Só que a empatia do show do Circo foi algo espontâneo e inesperado, e esse tipo de coisa não dá para repetir. Ficou forçado. A pessoas pareceiam mais impressionadas por estarem todas juntas cantando do que com a apresentação. Não dá para público ser maior que a banda. Não funciona.

Às vezes, o hype vence. Desta vez, foi hype demais.

Ou talvez eu só esteja mal-humorado demais com aquele penalti medíocre batido pelo Willian ontem.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Die Duckomenta

Acervo alemão com a versão patológica para a história da arte. Atualmente está em exposto em Paris.

terça-feira, 12 de setembro de 2006

Como promover sua cidade



Vídeo da candidatura de Londres para as olimpíadas de 2012. Não é a toa que eles ganharam - mesmo com Paris melhor preparada. A música é interpretada pela antiga vocalista do M People (One Night in Heaven/One Night in Heaven). Não consegui descobrir o diretor.

Adoro a parte em que aparecem o Roger Moore e a Miss Moneypenny.

Bônus: o de Nova Iorque foi dirigido pelo Spielberg, e também é foda pra caralho, mas não parece um vídeo olímpico. Não achei o de Paris, feito pelo Luc Besson, que era bem fraquinho.

E o Rio? Nós somos à frente do nosso tempo! Já temos o melhor vídeo promocional de todos.

O mal no coração dos homens

Passei o feriado trancado em uma casa em Petrópolis fazendo churrasco, bebendo cerveja e jogando War. Se eu fosse playboy, ia ter achado uma bosta. Mas como não sou, achei bem maneiro - até porque meu lado playboy foi aquietado com uma surreal ida à Mariuzinn direto do Maracanã na quinta.

War é o verdadeiro sombra: revela o mal no coração dos homens.

Atualização: A imagem acima é do War Online do Game Track. Entre, logue-se e divirta-se. Ou tente.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Entrevistas em Quadrinhos


















Acho que uma das melhores coisas que eu faço é poder conversar com quem eu admiro. Acho que é a melhor coisa.

Bati um papo com dois homens bons das HQs recentemente,
Mike Allred e Renato Lima. Clique no filho de cada um no topo para testemunhar a conversa.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Algumas madrugadas no bunker

Tenho aproveitado minha recorrente insônia para penetrar em 3000 dias no bunker, livro de Guilherme Fiuza sobre, em suma, o Plano Real. Já periga ser a melhor coisa que li este ano. Fiuza mostra que a suposta aridez da elaboração de um plano ecnonômico é bem mais colorida (sem duplo L, por favor) do que aparenta, com homens e ideologias - e verbas - em confronto (internos e externos; amplos sentidos). Como frisa o Marcos Sá Correa na orelha, faz tudo isso sem se valer de uma tabela.

As primeiras 100 páginas mostram as ascenção do bunker - a ekipeconômika, em eliogasparês - e a elaboração do plano por Malan, Gustavo Franco (que estudou com profundidade a megainflação alemã do entre-guerras), Sérgio Besserman e Zylbersztajn, comandados pelo cacique-mor e lobo em pele de sociólogo, Fernando Henrique Cardoso. Estou no relato da implantação da URV. O bunker está com a bola lá em cima, mas ela vai cair. O único chato do livro não ser ficção é que você já sabe o que vai acontecer.

Quando terminar, entra na estante ao lado dos meus Mario Puzo.

PS: Minha lembrança mais vívida da Unidade Real de Valor é que A Teia do Aranha custava URV 1,57.

El Gaucho refuga


Atenas - e agora Japão - já mostraram que
dream team nem sempre funciona. Hugo Pratt e Milo Manara uniram suas forças para El Gaucho, e o resultado é bem aquém do esperado.

Manara desenha pra caralho; falar disso é chover no molhado. Mesmo assim, tem certos quadros ocupados pela metade por balões que não precisavam ser tão grandes (a não ser que a tradução tenha reduzido muito o texto). Parece até - ó heresia - que rolou uma preguiça de desenhar.

Mas a grande decepção é Pratt. A história não decola. O álbum parece um grande prólogo de um romance que não começa. O "riminiano" - a orelha do livro diz que Pratt é natural de Veneza, mas eu e Fellini sabemos que ele nasceu em Rimini - tentou fazer algo diferente de um relato histórico, mas como a Reconquista é um episódio pouco conhecido e retratado, poderia ter investido em algo mais tradicional, e a história que ele queria contar de Molly e Tom Browne ficariam para sub-trama.

Foi a pior coisa que eu já li dele. Tomara que em Verão Índio Pratt e Manara tenham acertado.

PS: Se um dia filmarem isto, tem que colocar a Evangeline Lilly para interpretar a Molly. Repara aí na capa. E fazendo as coisas que Molly faz - ou melhor, que Manara faz ela fazer.

Quatro pernas



Trecho do documentário Nós que aqui estamos por vós esperamos.

O Fred Astaire disse que o segredo era fazer parecer que tudo aquilo era simples de fazer. Acho que o mesmo se aplica(va) ao Garrincha.

Vincent



Primeira animação comercial do Tim Burton. O DNA de tudo o que ele fez depois esta aí.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

2 filmes em 15 horas



















Assisti O Corte (Le Couperet) em uma sessão barateira no cinema da Cândido Mendes - o filme já deve ter saído de cartaz. Costa-Gravas é um cineasta do mundo. Se ele quis fazer um filme sobre desemprego na França, é porque esta é uma questão européia. Todos no filme estão desempregados, em diversos empregos ruins ou em sub-empregos. O protagonista, interpretado por José Garcia - que, mesmo com este nome, é francês -, após dois anos procurando emprego, decide assassinar seus competidores. Parece comédia. Não é. É triste. O final também. Ou não.

E o filme ainda se dá o luxo de uma colaboração do Oliviero Toscanni com uns totens que poucos vêem.

Assisti O Sol em uma sessão universitária com presença de diretora e duas pessoas que trabalharam no jornal. Ótimo documentário, que resgata um trabalho que deve ser lembrado. E servir de inspiração. Mas nunca teremos nada parecido. Ainda bem. Há um momento em que é dito que a juventude de hoje é mais pragmática, e aquela era sonhadora. É dito em tom de pesar. A juventude de hoje faz coisas. Aquela mais sonhou do que fez. Além da de hoje ser muito mais plural.

Depoimentos hilários do Gilberto Braga.

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Notas Verdes

- Marcelo D2 foi eleito em 2004 o melhor letrista do Brasil pela Academia Brasileira de Letras.

- Ann Nocenti, uma escritora e jornalista que fez uma das minhas fases preferidas do Demolidor, agora edita a High Times.

Depois eu explico o porquê da minha fase esfumaçada.

Novilíngua

A Wikipedia tem artigos em "English" e em "Simple English".

Cinco minutos de ódio neste mometo.