quinta-feira, 2 de novembro de 2006

No sleep 'til Rio!

Odeio expressões superlativas, e odeio quem as usa. Mas os Beastie Boys são a melhor banda de hip hop da história. E o Tim Festival trouxe eles para cá semana passada. O mesmo festival que já tinha me dado o Public Enemy. Maneiro. Das outras bandas/pessoas do hip hop que eu gostaria de ver, ou estão mortos ou estão presos.

Os B-Boys ganham pela improbabilidade. O velho papo dos três judeus brancos do Brooklyn que fundamentaram o hip hop na virada dos 80 pros 90 com
Paul's Boutique, disco que simplesmente não poderia existir hoje devido ao custo dos direitos dos samplers (e isso já deu o maior xabu). E foi muito bom ver aqueles três senhores de terno fazendo o que fizeram de melhor nos últimos 20 anos. MCA, com um óculos de aro grosso no início do show, parecia então que ia apresentar o Fantástico.

Os caras tem até formação tática: os dois esgarniçados, Mike D e Ad Rock, pegam os flancos esquerdo e direito, se revezando. O primeiro é o mais performático; o segundo é o gente boa que fala com o público entre as músicas. MCA e sua voz seca ficam mais no meio do palco, de vez enquando sendo chamados de volta ao espetáculo -- MCA/ where have you been?. E o grande DJ Master Mike preenche todos os espaços que sobram.

O repertório foi irrepreensível, incluindo todos os hits e passando por músicas mais desconhecidas. Abriram com Root Down, mas o negócio explodiu mesmo em Sure Shoot. A molecada foi agradada com Body Movin', Ch-ch-check it out e Intergalatic, a escolhida para a volta depos do bis. A velharada - que virou moleque - foi de Brass Money (a preferida da filha do MCA), So What'cha Want, Time to get ill, e No Sleep til Brooklyn. Costuradas no meio, coisas improváveis como Flute Loop. E todo mundo ficou maluco mesmo quando, já com os instrumentos, veio Sabotage. Se você só pode abrir um vídeo, recomendo este.

Por mais que sejam ainda algo de mais avant-garde que tem por aí, sinto um ar meio melâncólico nos Beasties Boys - principalmente em MCA. Ok, era um show no Rio, o que costuma agradar muito por público e cenário, e o disco novo tá no forno. Mas parece que a fonte tá secando, e algumas coisas não têm mais a ver com os caras - Fight for your right (to party) é algo que não cabe mais no show.

Honestidade e seriedade foi algo sempre presente para estes três caras. Seja o que vier, eles já cumpriram sua missão. Thanks, bros!

PS: Muitas palmas para o DJ Shadow.

PPS: Talvez eu tenha esquecido de mencionar que a foto lá de cima, de Maya Hayuk, ilustra um Páginas Negras maravilhosa da Trip.

Um comentário:

Unknown disse...

Melhor banda de hip hop do mundo, ponto final. Vi Awsome, I fucking shot that! no cinema e fiquei com vontade de dançar. Ano que vem eles aparecem por aqui em fevereiro, em show de arena. Quero ver.