domingo, 25 de junho de 2006

Brixton, Bronx, Baixada e agora Berlim

Assisti a um inusitado Almanaque na GloboNews sobre o crescimento do hip hop alemão. Segue a cartilha: os principais temas, junto com seus principais MCs, vêm da pobreza. E pobreza na Alemanha está subdividida: uma parte na antiga República Democrática Alemã e - a nova onda - nos imigrantes que vêm fazer os trabalhos que os alemães não querem mais fazer.

Algo os une: a inclusão. Os "velhos" alemães querem os mesmos direito$ que seus copatriotas do ocidente. Os imigrantes querem seus direitos puros e simples. Um filho de turcos nascido na Alemanha não é alemão. Ele fala alemão, lava o prato dos alemães e contribui para a receita alemã, mas não é alemão. Coisa de primeiro mundo.

A gravadora independente que mais cresce no país é a Aggro Berlin, especializada justamente em hip hop. Seu principal artista, Bushido (nascido Anis Mohammed Yussuf Ferchichi), já foi preso por tráfico e vandalismo, e se transferiu para a Universal. Algo celebrado até pelos educadores é que o novo hip hop de Berlim colocou o alemão de novo nas rádios e na boca dos jovens. De fato, pouco ecoa da Alemanha, tirando a música eletrônica e o heavy metal melódico.

A cartilha continua sendo seguida: com a influência do gangsta rap (como eu amaldiçoou Notorius B.I.G nessas horas), há também nas letras mulheres objetos, armas e, merecendo um aparte, violência e racismo - dois elementos que funcionam ainda pior com o histórico da Alemanha.

Talvez isolando este virus, o hip hop alemão possa crescer e dar voz aos, vá lá, excluídos. É cliché, mas é o que o hip hop tem feito por muita gente no mundo.

De quebra, um vídeozinho Bushido para vocês sentirem o drama.

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