quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Slackers: Ska in Rio

Grupo nova-iorquino se apresenta no Rio e lança o debate: por que tão poucos shows de ska na cidade?

Em dado momento do show realizado no Teatro Odisséia no domingo, 29 de janeiro, alguém fala do palco:

“Blablablá e temos que batalhar para mais eventos como esse no Rio de Janeiro. Aliás, acho que um show como esse é inédito...”


Foi quando a ficha bateu: seria a apresentação dos nova-iorquinos do Slackers o primeiro show de uma das grandes bandas de ska no Rio? Toasters e Mighty Might Bosstones já passaram pelo país, sempre longe do território fluminense, na tenebrosa época em que cariocas tinham que se deslocar para SP ou BH para assistir alguns artistas gringos.


(Isso parece estar mudando, com o reaquecimento da economia. U2 não veio por uma questão estrutural – e de negociação; já o Gathering, que toca só em São Paulo no dia 3 de março, é mesmo a velha (in)viabilidade econômica que os afasta do Rio. Mas Santana, Millencolin e Helloween vêm neste início de ano.)


Voltando a vaca fria do ritmo jamaicano, o exílio carioca do ska torna-se ainda mais curioso porque uma das bandas referências do assunto no país vêm do Rio. Os Paralamas do Sucesso têm até música nomeada Ska e, por mais que não sejam “ska de raiz”, usam e abusam da levadinha rápida na guitarra e do naipe de metais. Já até dividiram palco com uma das bandas que mais fizeram pelo gênero, mesmo também não sendo “ska de raiz”: o UB40 – que tocou no Rio em algum lugar da segunda metade da década de 1990, talvez o último show carioca de ska.


A questão torna-se ainda mais curiosa pelas bandas de abertura. O La Bamba tocou um medley de marchinhas de carnaval – Aurora, Maria Sapatão, por aí – vertidas para o ska. E o Coquetel Acapulco apresentou uma ótima versão de Vou festejar – de Jorge Aragão, Dida e Neoci, mas que todos conhecem na voz da Beth Carvalho. Duas músicas (ou coletivo de músicas) bem cariocas, e que funcionaram muito na nova roupagem. E os dois grupos são representantes de diversos outros que se dedicam ao ska pelo underground da cidade já há alguns anos.


A própria vinda dos Slackers só se construiu, claro, com uma passagem em São Paulo – duas apresentações no festival Sons de uma noite de verão, no Sesc Pompéia – em uma jogada aparentemente arriscada, mas que acabou dando certo. Usando a indumentária típica – com destaque para a elegância do vocalista e trombonista Glen Pine, o mais carismático no palco – os nova-iorquinos provaram porque são uma banda basilar. A noite contou ainda com uma apresentação do trovador Chris Murray e da banda de reggae Firebug.


Mesmo sendo uma casa de médio porte, o Odisséia estava bem lotado. Público, percebe-se que existe já há anos. Parece que falta mesmo é colocar as bandas no palco - e agora que o Madness lançou disco novo e já está em turnê, fica mais fácil.


Publicado originalmente no Almanaque Virtual em 07/02/06.


Vem cá: nos dois sabemos que este texto ficou uma bela merda, não? Amanhã entra um sobre o Stoned bem melhor.

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