segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

Um francês

Conversei com um francês em uma festa na sexta. Após ser apresentado por uma amiga, o papo foi mais ou menos assim:

- Prazer. Você é da onde?

- Paris mesmo. Mas estou morando em Londres. Kensington Park. Na verdade, sou metade francês, metade brasileiro. Gosto de passar as férias aqui. Mas, quando tenho vontade, venho também para um final de semana. Gosto da simplicidade carioca...

- Bom. Eu passei um tempo em Paris.

- Onde você morou?

- No 20ème.

- Putz. Que nojo! Morar no 20ème? Que horror!

- Eu gostava. Você tem casa onde lá?

- No 16ème. Morava na Etoile. Mas 20ème. Que horror... Bom, quais eram os clubes que você gostava?

- Ia muito na região da Bastille e...

- Nossa! Que pobreza! Ai...

- Eu gostava, porra! Adorava o Le tripityque e ia, às vezes, no Le Loco...

- La Loco! Mas que mau gosto o seu! Você não ia nos clubes da Etoile?

- Não. Não gostava. Não eram na minha alçada.

- Triste.

- Bom, vou dar uma volta.

- Isso. Depois a gente conversa mais.

- Prazer.

- Prazer.

Caramba! Que saudade da arrogância e da soberba francesa! O pior é que, depois que você entende a lógica dos caras, respeita, admira e até sente falta.

2 comentários:

Veronica Heringer @ MadameHeringer.com disse...

Não muito diferente da classificação praiana do Rio de Janeiro, né?

Saudades de ti...

bjos

Anônimo disse...

Francês sem arrogância não tem graça. Mas olha o seguinte: em geral esses mesmos que torcem o nariz para quem vai na La Locomotif são os que, quando chegam no Rio, se esbaldam na praia, andam de havaianas, dançam samba colado com locais na Lapa e se amarram num negão. Moral da história: arrogância boa só lá em casa. (Rafael Lima)