
Ao ser incumbido da missão, Bendis deve ter listado os problemas da equipe. Em uma das primeiras posições entrou membros sem carisma. Seguindo o exemplo da DC, que coloca seus principais figurões na Liga da Justiça, sujeitos do naipe de Triatlo e Jaqueta Amarela foram devidamente defenestrados. Também um efeito colateral do sucesso de Os Supremos - que provara que uma mistura de personalidades instáveis era bem mais interessante.
Capitão América e Homem de Ferro são os únicos remanescentes. Convocaram-se Homem-Aranha – pela primeira vez fixo em uma equipe; vejamos como vai funcionar – e Wolverine – vejamos também como Logan vai se dividir entre X-Men e Vingadores – para chamar leitores. A preferência do autor colocou Luke Cage na parada (também o “afro-americano da vez”, para evitar dor de cabeça). O ponto misterioso fica pelo tal de Ronin, que só aparece na capa. E, nos resgates, Jessica Drew, a Mulher-Aranha - “a primeira e a melhor” – e o Sentinela, lá dos idos de Jack Kirby, definido por Matt Murdock como o mais poderoso de todos os super-heróis.
Não, o Demolidor não entrou na equipe. A trama pouco avança em relação ao epílogo de Vingadores: Finale. Ao estilo Bendis, avança para trás. Murdock e Foggy estão na Balsa - a unidade de criminosos superpoderosos da prisão da Ilha Ryker – a pedido de Reed Richards, e tendo Jessica como anfitriã. Contratado por alguém não-revelado, Electro invade a cadeia e solta os detentos. Aranha e Capitão aparecem para segurar as pontas.
David Fincher, efetivado como desenhista após A Queda, tem um traço claro e entende de anatomia (a própria capa da revista mostra que isto não é padrão). Pescou bem a maneira como Bendis “arrasta o tempo” e repete os quadros. No entanto, tem um problema com faces – todo mundo é muito igual.
Há um erro bizonho na página 15, em que um helicóptero some no quadro seguinte. Mas a grande pisada de bola é a conversão de três páginas duplas em simples, na vertical. Tira muito do impacto do discurso do Electro quando liberta os prisioneiros, por exemplo. Uma decisão inevitável, já que a revista tem que ter 100 páginas. Mas, se Vingadores é o carro-chefe, poderiam ter colocado alguma das outras séries para pagar o pato.
Falando nelas, outra estréia no gibi: a nova fase de Capitão América. A revista americana foi zerada, e a diretriz era mais ação e menos do teor político que a série tinha ganhado após o 11 de setembro. Dito e feito. O roteirista Ed Brubaker e o bom desenhista Steve Epting trazem Caveira Vermelha, Sharon Carter e I.M.A. de volta. Mas renovados com um ar anos 00 e uma trama de espionagem.
E o recheio da revista é todo do Thor. O leitor cai direto no meio de Ragnarok, saga que encerra a série regular do personagem, comandada por Michael Avon Oeming – chapa de Bendis desde os tempos de Powers. Loki acha a forja que criou o Mjolnir e produz diversos martelos semelhantes, assinando diversos deuses. Após uma jornada espiritual, Thor compreende que ele deve morrer para interromper o ciclo de destruição. Uma história arrastada, que deve agradar somente aos fãs. Mas um final digno para o Deus do Trovão – até que alguém resolva tirá-lo da geladeira. Conclui na próxima edição.
A estréia dos Novos Vingadores e outras sagas vindouras, como House of M, são um esforço da Marvel para dar maior unidade ao seu universo – sem precisar de Crises. O mix de Os Novos Vingadores ficará mais amarrado em abril, quando Jovens Vingadores - série bem elogiada nos Estados Unidos – estrear. E só para não perder a oportunidade: Avante, Vingadores!
Publicado originalmente no Sobrecarga em 24/03/06
Hqs de super-heróis são infantis, pueris e toscas. Mas me divertem tanto!
Um comentário:
Comprei uma porrada de revista da Marvel esse mês só por causa do baralho que vinha... consegui fechar os dois!
Li essa revista dos Novos Vingadores, mas parei quando chegou a história do Thor...
Quanto às outras 7 revistas, tão aqui... um dia consigo ler todas!
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