segunda-feira, 6 de março de 2006

O gol do Gathering

O filme de terror "Botafogo x Cabofriense", na quarta-feira de cinzas (apropriado), foi medíocre, mas contou com uma conclusão genial: o gol de voleio do Dodô. Sérgio Noronha disse ao vivo que foi um dos gols mais bonitos que ele já viu.

No dia seguinte, Fernando Calazans corroborou Noronha em uma coluna intitulada O gol do Dodô, afirmado que ele não é nenhum garoto, já viu muito futebol, então a frase tem outro peso.

Eu não quero me comparar com o Noronha nem com o Calazans - até porque acho os dois chatos - mas eu já vi pra lá de 300 shows na minha vida, dos mais variados estilos, em diversos pontos do planeta.

A apresentação do The Gathering foi uma das melhores que já presenciei.

Jogando uma pá de cal numa discussão que tive com amigos sobre êxtase técnico versus emocional em música, atacaram pelos dois flancos. Tenso e intenso. E com uma simplicidade incrível. Fazia muito tempo que eu não via um show tão redondo. E que eu não me sentia tão feliz com música.

O sujeito de alguns posts abaixo, Corto Maltese, é celebrado por ser o dono de seu próprio destino. Na infância, ao descobrir quer não tinha a linha da vida nas mãos – o cara é filho de cigana e leva isso a sério –, pegou uma faca e a traçou. Ele escolheu.

O Gathering fez mais ou menos a mesma coisa. Foram uma banda de metal, abriram a cabeça e se tornaram algo difícil de definir – como se precisasse. Mas meter uma lâmina na palma da mão não é algo agradável: ainda são vistos como um grupo de metal – deixando claro que não renegam o passado, tocando músicas dos primeiros discos no show –, como as camisas pretas na platéia denunciavam, mas eu coloco meus CDs do Gathering junto aos do Radiohead, do Muse e do Placebo na minha estante.

E esta incerteza talvez seja uma das razões para pouco mais de mil manés assistirem o show. O Gathering não faria feio em um palco de Free Jazz. Mas são vistos como banda de metal. O paradoxo é que, se não fossem o povo de chifrinho na mão, eles não viriam.

Enfim, eu vi um show improvável que nunca esquecerei, e que valeu cada milímetro percorrido para São Paulo – São Paulo por si só já vale, mas essa eu conto depois.

Set-List para quem se interessar:

1. Liberty Bell
2. Even The Spirits Are Afraid
3. Shortest Day
4. In Between
5.
Analog Park
6. Saturnine
7. Probably Built In The Fifties
8. Broken Glass
9. In Motion #1
10. Eléanor
11. A Noise Severe
12. Souvenirs
13. Travel

***
14. On Most Surfaces
15. Strange Machines
16.
Black Light District

Um comentário:

Anônimo disse...

The Gathering é o cacete, bom mesmo é Jennifer Lopez!
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Depois me conta da viagem.

beijinhos