quinta-feira, 20 de abril de 2006

Danger Girl

As Panteras

Após ter estreado no Brasil em uma edição especial com o Batman, Danger Girl tem agora seu arco inicial finalmente lançado, dividido em dois encadernados da Devir: Danger Girl – Perigosamente Sua e Danger Girl – Jogos, Trapaças e Sedução. Danger Girl, que pertence ao selo Wildstorm, da DC, não trata só de uma garota, mas, para felicidade geral, das quatro que compõem a agência de espionagem que dá título à série. Os dois volumes mostram o recrutamento da última integrante, Abbey Chase.

Antes de avançar, é necessária uma contextualização histórica. Em 1997, quando DG foi lançada, J. Scott Campbell acabara de deixar Gen 13, série-ícone do boom da Image Comics, feita em parceria com Jim Lee. Conforme explica no prefácio do segundo volume, Campbell estava cansado do esquema ação, superpoderes, peitos e bundas de Gen 13. Então, desenvolveu Danger Girl, que tem ação, peitos e bundas, mas sem superpoderes. Enfim...

Algo fica claro em todas as páginas: Campbell ama Abbey Chase. Ele ama desenhar suas curvas, enche-la de detalhes como a pintinha na bochecha esquerda e vesti-la com roupas provocantes. E vai fazer de tudo para você se apaixonar também. Danger Girl joga com os fetiches. Tudo, claro, dentro da boa moral da indústria americana de quadrinhos – ainda mais em 1997, quando o Comics Code era vigente.

Pena que Campbell não consiga fazer o mesmo com os roteiros. Nem com a ajuda do co-roteirista Andy Hartnell - que, aliás, nunca fez muita coisa fora parcerias com Campbell. A história é assumidamente copiada, digo, inspirada em Os Caçadores da Arca Perdida: busca por artefato místico, nazistas querendo dominar o mundo e até Sean Connery. Mas, diferente do filme-inspiração, o
ritmo é meio truncado; parece que faltou tirar algumas gorduras do roteiro para a ação desenfreada. Além de não ser nada original.

Campbell é um desenhista com personalidade – apesar dos rostos iguais de Abbey e Natalia –, o que gera diferentes reações. Os admiradores poderão se deliciar com o segundo volume, cuja metade é dedicada a pin-ups, capas, estudos, story-boards e brincadeiras – a melhor delas é passar as páginas rapidamente, olhando para o
s cantos inferiores, e ver Abbey dançando graciosamente na mais velha técnica de animação do mundo.

Danger Girl é recomendado aos fãs de Campbell. Para os dema
is, fica a sensação de que foi bom, mas que poderia ter sido bem melhor.

Danger Girl – Perigosamente Sua tem formato 23x16 cm, 130 páginas, prefácio escrito pelo ator Bruce Campbell e custa R$ 36. Danger Girl – Jogos, Trapaças e Sedução tem as mesmas dimensões, 204 páginas, prefácio por J. Scott Campbell e custa R$ 42.

Publicado originalmente no Sobrecarga em 18/04/06.

Como se a minha vida já não tivesse danger girls suficientes.

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